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Washington Costa/MF
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou viagem à Europa para se dedicar à
definição das medidas do pacote de corte de gastos. O embarque estava previsto
para à tarde esta segunda-feira (4).
A assessoria
do Ministério da Fazenda informou neste domingo (3) que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) pediu ao ministro que permaneça em Brasília, dedicado
aos temas domésticos.
A decisão
ocorre após estresse do mercado financeiro com a demora do anúncio das medidas
de corte de gastos, que elevou as incertezas fiscais sobre a sustentabilidade
da dívida pública num cenário de alta dos juros no Brasil.
O dólar
fechou em disparada de 1,52% nesta sexta-feira (1°), cotado a R$ 5,869, o maior
patamar para a moeda norte-americana desde o início da pandemia, quando, em 15
de maio de 2020, esteve cotada a R$ 5,841.
A forte alta
veio em resposta à proximidade das eleições presidenciais dos Estados Unidos, à
medida que o candidato republicano, Donald Trump, amplia seu favoritismo no
mercado de apostas.
A moeda, que
chegou a bater R$ 5,762 na mínima, disparou no final da tarde. Um dos fatores
foi a notícia da viagem de Haddad à Europa, o que implicava que um anúncio de
cortes de gastos não seria feito nos próximos dias. O volume de negociação
esteve dentro da média dos dias anteriores, segundo especialistas.
O ministério
da Fazenda não chegou a divulgar o motivo da viagem, o que aumentou as críticas
de analistas do mercado financeiro à ausência do ministro num momento
considerado crucial de definição dos rumos da política fiscal brasileira e de
alta volatilidade associada à eleição nos Estados Unidos.
No ano
passado, o ministro Haddad também cancelou viagem à China para a definição da
proposta do novo arcabouço fiscal num episódio muito semelhante ao ocorrido
agora com as medidas de corte de despesas.
"Nós
embarcamos [no] sábado [25]. O Haddad não pode comunicar uma coisa e sair.
Percebe? Seria estranho. Eu anuncio e vou embora. O Haddad tem que anunciar e
ficar aqui para debater, para responder, para dar entrevista, para conversar
com o sistema financeiro, com a Câmara dos Deputados, com o Senado, com outros
ministros, com empresários", disse Lula na época, em entrevista ao portal
Brasil 247.
Por Bahia
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