Foto: Laudemiro Bezerra/MS
Para diminuir os números de casos e óbitos por Dengue,
Chikungunya, Zika e Oropouche no próximo período sazonal no Brasil, o Governo
Federal lançou, nesta quarta-feira (18), o plano de ação para redução dos
impactos das arboviroses. O documento foi construído com a participação de
pesquisadores, gestores e técnicos dos estados e municípios. Contribuíram
também profissionais de saúde que atuam na ponta, em contato direto com as
comunidades e que conhecem de perto os desafios em cada região do país, com
atenção às regiões de maior vulnerabilidade social.
O anúncio aconteceu no Palácio do Planalto com a participação
do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, da ministra da Saúde,
Nísia Trindade, e da secretária da Saúde da Bahia, Roberta Santana.
“Passamos por um momento de alta no número de casos de dengue
no nosso Estado e, com muito trabalho, investimentos e ações do Governo da
Bahia em parceria com os municípios, conseguimos superá-lo. Nossa aprendizagem
com o combate à dengue pôde ser compartilhada com outros estados e municípios e
faz parte desse plano de ação do Governo Federal”, disse Roberta Santana.
Em 2024, até o dia 14 de setembro, foram notificados 231.871
casos prováveis de dengue na Bahia, com 143 óbitos. Atualmente, 19 municípios
estão em epidemia da doença. No mesmo período, foram notificados 15.712 casos
prováveis de chikungunya, com nove óbitos. Em relação ao zika, 1.067 casos
prováveis foram notificados, sem óbitos.
O PLANO
O plano do Ministério da Saúde está baseado nas evidências científicas mais
atualizadas, novas tecnologias e representa um pacto nacional para o
enfrentamento a essas doenças. Ações serão coordenadas pelo Governo Federal em
estreita parceria com estados e municípios e colaboração de instituições
públicas e privadas, bem como de organizações sociais.
Nesse cenário, o programa de redução dos impactos das
arboviroses trabalha em seis eixos de atuação com foco para implementação no
segundo semestre do ano — quando todas as condições climáticas são favoráveis
ao aumento de casos. São eles:
- Prevenção;
- Vigilância;
- Controle
vetorial;
- Organização
da rede assistencial e manejo clínico;
- Preparação
e resposta às emergências;
- Comunicação
e participação comunitária.
Para a secretária Roberta Santana, um dos destaques é o eixo
4, de organização da rede assistencial e manejo clínico. “É um eixo que
trabalha a atualização de protocolos clínicos e diretrizes, parcerias com
entidades públicas e privadas e a capacitação das equipes de trabalho, o que
temos feito bastante no nosso Estado, além de promover algo muito importante
que é um mutirão para cirurgias em crianças com sequelas de Zika”, declara.
Durante o período intersazonal, ou seja, no intervalo entre
os picos de casos, serão intensificadas as ações preventivas, com retirada de
criadouros do ambiente e a implementação das novas tecnologias de controle
vetorial.
Entre as novas tecnologias está a ampliação do método
Wolbachia, uma bactéria presente em cerca de 60% dos insetos. No entanto, não é
encontrada naturalmente no Aedes aegypti. Quando presente neste mosquito, a
bactéria impede que os vírus da dengue, Zika, Chikungunya e febre-amarela se
desenvolvam dentro dele, contribuindo para redução das doenças. O método
funciona assim: mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia são liberados para que se
reproduzam com os Aedes aegypti locais, estabelecendo, gradualmente, uma nova
população dos mosquitos, todos com Wolbachia.
O Ministério da Saúde ainda expandirá o uso de Estações
Disseminadoras de Larvicida para controle do Aedes aegypti nas periferias
brasileiras. A estratégia, desenvolvida e coordenada por pesquisadores da
Fiocruz Amazônia, foi testada e aprovada com resultados comprovados em 14
cidades brasileiras, de diferentes regiões, nas quais foi aplicada entre 2017 e
2020. O plano ainda prevê ampliar o uso de insetos estéreis em aldeias
indígenas e a Borrifação Residual Intradomiciliar (BRI) em áreas de alta circulação
de pessoas.
Também será feita uma força-tarefa de sensibilização da rede
de vigilância para a investigação oportuna de casos, coleta de amostras para
diagnóstico laboratorial e identificação de sorotipos circulantes. Está
prevista, ainda, a organização de fluxos da rede assistencial, revisão dos
planos de contingência locais, gestão dos estoques de inseticidas, insumos para
diagnóstico laboratorial e assistência ao doente.
Para o período sazonal, caso ocorra nova alta sensível de
casos, estão previstas medidas estabelecidas no plano de contingência, focadas,
sobretudo, no fortalecimento da rede assistencial para redução das
hospitalizações e óbitos evitáveis. São prioritárias as ações relacionadas ao
manejo clínico adequado, seguro e executado em tempo oportuno, além da
organização dos serviços. Nesse período, as ações de vigilância devem priorizar
a coleta de amostras para exames específicos com foco em casos graves e investigação
oportuna de óbitos.
“Nessa seara, destacamos, no plano, a importância da agenda
de alinhamento de recomendações entre os Estados e os Municípios para a melhor
prevenção e resposta às emergências das arboviroses”, analisa a secretária da
Saúde da Bahia.
A vacinação contra a dengue segue sendo uma importante
estratégia, com público e locais restritos devido ao quantitativo limitado de
doses fornecidas pelo laboratório. Nesse sentido, o mais importante é
intensificar e unir esforços de toda a sociedade e poder público para redução
dos focos do mosquito e preparação dos serviços de saúde. Na Bahia, mais de 180
mil doses da vacina já foram aplicadas em 125 municípios.
Por Bahia Notícias