
Foto: Reprodução / Sensix
Após março registrar um
clima mais seco devido a temperaturas mais altas e baixa quantidade de chuvas,
o mês de abril chega para esfriar um pouco os termômetros, sobretudo nas áreas
que compõem o setor produção agrícola do Brasil. Dados do Boletim Agroclimatológico
Mensal, elaborado pelo Instituto Brasileiro de Meteorologia (Inmet), apontam
que a previsão é de predomínio de chuvas volumosas no Norte e Leste da Região
Nordeste - setor que abrange a Bahia - principalmente em abril, devido ao
aquecimento do Atlântico Tropical.
O Nordeste, como um todo,
apresentou temperaturas máximas médias, em março, superiores a 35ºC. Os
termômetros chegaram a 37,5°C na cidade alagoana de Pão de Açúcar e 36,2°C no
município de Jeremoabo, no nordeste baiano. De acordo com o boletim, essas altas
temperaturas foram geradas pela falta de chuvas, que em março, foram inferiores
a 100 mm em parte da região. Em algumas localidades, inclusive, os níveis de
umidade no solo ainda continuam baixos, como por exemplo, na divisa dos estados
de Alagoas, Sergipe e nordeste da Bahia. Confira:
Nível de chuvas acumuladas (à esquerda) e índice de umidade do solo (à
direita) | Foto: Divulgação / Inmet
No entanto, o boletim indica
níveis de água no solo elevados no norte do Maranhão, Piauí, Ceará e costa
leste do Nordeste, abrangendo a Bahia. Mesmo com o mês de abril dando uma
trégua no calor, o clima deve esquentar nos meses seguintes. O Inmet acredita
que a temperatura do ar deve ser acima da média histórica em todo Nordeste, mas
principalmente no interior da região, por conta da redução das chuvas a partir
de maio. Para os meses de maio e junho, a previsão indica uma redução dos
níveis de umidade no solo no interior da região, principalmente no sudeste do
Piauí, norte da Bahia, sul do Ceará e oeste de Pernambuco.
FRIO NA BAHIA
O mês de março na Região
Nordeste mostrou que as menores temperaturas mínimas foram observadas em
cidades baianas. Ficaram com o posto de cidades mais frias de março os
municípios de Vitória da Conquista (19,0°C) e Piatã (17,8°C), ambos no Sudoeste
baiano. Apesar do frio, as chuvas não foram tão frequentes na Bahia como um
todo. De acordo com o Inmet, na Região Nordeste, os maiores volumes de chuva
foram observados em áreas do Maranhão, centro-norte do Piauí, Ceará, Rio Grande
do Norte e Paraíba, com valores superiores a 150 mm, contribuindo para a
manutenção da umidade no solo e o desenvolvimento das lavouras.
O boletim destacou o estado do
Maranhão como o mais chuvoso do Nordeste em março. Por lá as chuvas
ultrapassaram os 500 mm, como foi o caso de Turiaçu (com 750 mm) e Chapadinha
(com 560 mm). Estas chuvas contribuíram para a manutenção da umidade no solo (figura
2) e o desenvolvimento das lavouras.
EL NIÑO
O calorão de março tinha que ter
uma explicação e, de acordo com o Inmet, a “culpa” é do El
Niño. O fenômeno é responsável pela elevação das temperaturas do
Oceano Pacífico e gera o aquecimento anormal das águas. Essa situação causa
desequilíbrio na quantidade de chuvas podendo gerar um volume maior ou menor
dependendo da região. A previsão aponta para uma queda deste aquecimento nas
águas dos oceanos Pacífico e Atlântico, podendo diminuir a quantidade de chuvas
sobre o Norte da Região Nordeste entre os meses de maio e junho.
O Boletim do Inmet mostra ainda
que a interação entre a superfície dos oceanos e a atmosfera têm causado
interferência nas condições do tempo e do clima em diversas localidades no
mundo. “No Brasil, fenômenos como El Niño-Oscilação Sul (ENOS), no Oceano Pacífico
Equatorial, e o gradiente térmico do Oceano Atlântico Tropical, também chamado
de Dipolo do Atlântico, são exemplos dessa interação oceano-atmosfera que
influenciam o clima no Brasil”, apontou o Inmet.
Neste contexto, as águas mais
quentes no Atlântico Tropical Sul e águas mais frias no Atlântico Tropical
Norte favorecem a ocorrência de chuva em grande parte norte do Brasil. Caso
contrário, há uma redução de chuva na região citada (Dipolo Positivo). Durante
o mês de março/2024, o Oceano Atlântico Tropical permaneceu mais quente que o
normal, em que a temperatura do Atlântico Norte foi 1,4ºC acima da média,
enquanto a temperatura do Atlântico Sul foi de 1,4ºC acima da média, ou seja,
apresentou um pequeno gradiente de 0,1ºC. Este aquecimento favoreceu as chuvas
em toda a costa norte do país.
Por Bahia
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