
DPVAT: matéria vai agora para o Senado (Jung Getty/Getty Images)
A Câmara aprovou, nesta terça-feira, um projeto de lei que
recria o seguro obrigatório para acidentes de trânsito, o DPVAT, que será
administrado pela Caixa Econômica Federal. Com a nova regulamentação, será
possível voltar a cobrar o seguro obrigatório de todos os proprietários de
veículos automotores e os prêmios serão administrados pela Caixa em um novo
fundo do agora denominado Seguro Obrigatório para Proteção de Vítimas de
Acidentes de Trânsito (SPVAT).
A recriação do DPVAT é vista pelo governo como forma de gerar
um novo meio de arrecadação. O projeto vai agora para o Senado.
O texto conta com substitutivo que retoma o pagamento de
despesas médicas das vítimas de acidentes e direciona até 40% do valor
arrecadado.
A volta do DPVAT
Desde novembro de 2019, a cobrança do DPVAT estava extinta,
por decisão do governo de Jair Bolsonaro. Apesar da vontade do governo Lula de
restabelecer a cobrança, faltavam recursos para pagar as vítimas de acidentes
de trânsito e outras pessoas que teriam direito ao benefício. Sem R$ 230
milhões necessários para pagar todos os valores devidos no ano passado, a
Caixa, que administra o fundo com os restos do que foi arrecadado até 2020,
precisou adiar os pagamentos.
Segundo relatório quinzenal enviado pela Caixa à
Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia ligada ao Ministério da
Fazenda que controla e fiscaliza as indenizações do seguro DPVAT, só de 15 de
novembro a 1º de dezembro do ano passado, houve 1.543 solicitações de
acidentados de todo o país que não puderam ser atendidas.
Histórico do DPVAT
Antes de ser completamente extinta, a tarifa do seguro
obrigatório DPVAT foi desidratada a partir do fim do governo Michel Temer e
depois no início do governo Bolsonaro. Em 2018, o Conselho Nacional de Seguros
Privados (CNSP) aprovou uma resolução que reduziu as tarifas em 63,3% em média
para o ano de 2019. Em 2019, uma nova resolução reduziu mais os prêmios para
2020, último ano em que a taxa foi cobrada. A esta altura, carros particulares
pagavam R$ 1,06 pelo seguro.
Com o fim do pagamento, o Sistema Único de Saúde deixou de
receber 45% de tudo o que for arrecadado pelo seguro obrigatório DPVAT, como
era previsto na resolução. Em 2016, o fundo do DPVAT repassou R$ 3,91 bilhões
ao SUS. Em 2017, o repasse foi de R$ 2,67 bilhões. Em 2018, ficou em R$ 2,10
bilhões. Em 2019, o repasse já diminuiu para R$ 929 milhões e, em 2020, já com
a tarifa desidratada e sob iminência de ser extinta, ficou em torno de R$ 148
milhões. Uma diminuição de 96% em quatro anos, antes de a fonte secar.
Procurado, o Ministério da Saúde não comentou sobre possíveis prejuízos
provocados pelo fim do repasse.
O fim da tarifa para motoristas foi uma bandeira da campanha
de Bolsonaro. No fim de 2019, seu governo anunciou a medida provisória que a extinguiu,
sob a justificativa de que era caro manter e supervisionar a cobrança e de que
havia muitas fraudes ocorrendo no sistema.
Por Agência o Globo