
© REUTERS/Denis Balibouse
As mortes por hepatites virais estão aumentando em todo o
mundo e a doença já responde como a segunda principal causa infecciosa de morte
no planeta, contabilizando 3,5 mil óbitos por dia e 1,3 milhão por ano – mesmo
total de mortes causadas pela tuberculose, que ocupa o primeiro lugar no
ranking. O alerta foi feito nesta terça-feira (9) pela Organização Mundial da
Saúde (OMS).
Estudo divulgado pela entidade destaca que, apesar de
melhores ferramentas para diagnóstico e tratamento disponíveis, além da queda
no preço desses produtos, a testagem e a quantidade de pacientes em tratamento
estagnaram. “Mesmo assim, atingir a meta de eliminação das hepatites virais até
2030, proposta pela OMS, ainda é algo possível, desde que medidas rápidas sejam
tomadas agora”.
Os dados mostram que as mortes por hepatites virais
registradas em 187 países passaram de 1,1 milhão em 2019 para 1,3 milhão em
2022. Desse total, 83% foram causadas pela hepatite B e 17%, pela hepatite C.
Para o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, os óbitos aumentaram
porque pouquíssimas pessoas com a doença têm acesso ao diagnóstico e tratamento
adequado.
A estimativa da entidade é que 254 milhões de pessoas viviam
com hepatite B e 50 milhões com hepatite C em 2022 – mais da metade das
infecções foram registradas entre adultos com idade de 30 a 54 anos e 12%,
entre crianças e adolescentes menores de 18 anos. Homens respondem por 58% de
todas as infecções.
Apesar de uma leve queda no número de casos entre 2019 e
2022, a incidência da doença no mundo, segundo a OMS, permanece alta. Em 2022,
foram contabilizadas 2,2 milhões de novas infecções, contra 2,5 milhões em
2019. “Mais de 6 mil pessoas estão sendo infectadas por hepatites virais todos
os dias”, destacou o estudo.
Tratamento
Os números mostram que, em todas as regiões do mundo, até o
fim de 2022, cerca de 13% das pessoas que viviam com infecção crônica por
hepatite B haviam sido diagnosticadas, enquanto 3% recebiam terapia
antirretroviral indicada para tratar a doença. No caso da hepatite B, 36% foram
diagnosticadas e 20% recebiam tratamento contra a infecção.
“Ambos os resultados estão bem abaixo da meta global de
tratar 80% das pessoas vivendo com hepatite B crônica e com hepatite C até
2030. Entretanto, eles indicam uma leve, mas consistente melhora no diagnóstico
e na cobertura de tratamento da doença desde o último balanço, em 2019”,
destacou a OMS.
Os diagnósticos de hepatite B aumentaram de 10% para 13% no
período, enquanto o acesso ao tratamento passou de 2% para 3%. Entre as
infecções por hepatite C, o diagnóstico aumentou de 21% para 36% e o acesso ao
tratamento, de 13% para 20%.
Disparidades
O estudo ressalta que os dados variam drasticamente de região
para região. O Continente Africano responde por 63% das novas infecções por
hepatite B. Ainda assim, só 18% dos recém-nascidos na região foram imunizados
contra a doença após o parto. Já a região do Pacífico Ocidental responde por
47% das mortes por hepatite B, e apenas 23% das pessoas diagnosticadas têm
acesso ao tratamento.
Bangladesh, China, Etiópia, Índia, Indonésia, Nigéria,
Paquistão, Filipinas, Rússia e Vietnã, juntos, respondem por quase dois terços
do fardo global das hepatites B e C. “Alcançar o acesso universal à prevenção,
ao diagnóstico e ao tratamento nestes dez países até 2025, juntamente com
esforços intensificados na região africana, é essencial para colocar a resposta
global de volta no caminho certo e cumprir os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável”.
Recomendações
Dentre as recomendações publicadas pela OMS, com o objetivo
de acelerar o combate às hepatites virais, estão ampliar o acesso à testagem e
ao diagnóstico; ofertar tratamento equitativo; ampliar os esforços de prevenção
na atenção primária; e mobilizar financiamentos inovadores.
“O financiamento para as hepatites virais, tanto em nível
global como no âmbito dos orçamentos de saúde de cada país, não é suficiente
para satisfazer as necessidades. Isso resulta de uma combinação de fatores,
incluindo a consciência limitada de intervenções e ferramentas que podem salvar
vidas, bem como prioridades concorrentes nas agendas globais de saúde”,
concluiu a entidade.
Por Correio24horas