
Foto: Valter Campanato / Agência Brasil
O governo estuda fixar a meta
fiscal de 2025 para um patamar entre 0% e 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto).
Para o ano que vem, o objetivo
indicado na apresentação do novo arcabouço fiscal pelo ministro da Fazenda,
Fernando Haddad, era de um superávit de 0,5% do PIB.
Mas os dados preliminares da
previsão de receitas disponíveis até o momento apontam um quadro "quase
impossível" de aumento adicional de arrecadação para o cumprimento da
meta, nas palavras de um integrante do governo envolvido nas discussões.
A nova meta fiscal de 2025
constará no PLDO (Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) a ser enviado ao
Congresso Nacional no próximo dia 15 de abril. Não há, no momento, discussão
sobre mudar a meta zero de déficit de 2024.
Caso seja necessário alterar a
meta, a área econômica quer garantir um patamar que não permita déficit das
contas públicas no ano que vem.
Os técnicos ainda fazem as
contas. A discussão envolve a premissa que meta zero é piso. A orientação dos
ministros da JEO (Junta de Execução Orçamentária) é que seja uma meta factível,
que ao mesmo tempo não demonstre um recuo do processo de consolidação fiscal e
nem seja irrealista.
O diagnóstico é que uma meta
irrealista gera mais incerteza no mercado com a indicação de que o governo
teria que lançar mão de medidas para aumentar os impostos com risco de
prejudicar o ambiente econômico.
A JEO é o colegiado responsável
pelas decisões orçamentárias. Ele é formado, além de Haddad, pelos ministros
Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), Rui Costa (Casa Civil) e Esther Dweck
(Gestão). O colegiado deve se reunir pelo menos duas vezes nesta semana para
discutir a mudança da meta para subsidiar a decisão do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT).
Um valor menor do que zero é
considerado um recuo injustificável, com um sinal negativo, inclusive, em
relação ao compromisso com a meta deste ano. O governo ainda discute medidas
para evitar perda de receitas com o Congresso, como a desoneração da folha de
pagamento dos municípios e limite para as compensações tributárias pelas
empresa.
A ponto central é não ter o
centro da meta abaixo de zero. O problema é que, como a regra fiscal contém uma
banda de tolerância de 0,25 ponto percentual para baixo ou para cima, a meta de
2025 teria que ficar em 0,25% do PIB para evitar o risco efetivo de um déficit
no ano que vem.
Uma alteração na meta zero de
déficit das contas do governo de 2024 não está na mesa, segundo garantiu à
Folha de S.Paulo um integrante da equipe econômica, que reconhece as
dificuldades para 2025 e defende uma meta crível para não abalar a
credibilidade da política fiscal brasileira.
Pessoas a par das conversas
afirmam que o governo poderá também optar em esperar e só propor mudanças a
partir de maio, quando a JEO saberá se poderá ampliar o espaço permanente de
gastos em R$ 15,7 bilhões ainda neste ano, a depender do comportamento das
receitas. A abertura desse espaço fiscal em maio está previsto no arcabouço
fiscal. Por isso, até maio não há chance de mudar a meta deste ano.
Dados complementares de receitas
deverão estar prontos nesta segunda-feira (08) ou mais tardar na terça-feira.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, as medidas de arrecadação já implementadas até
agora serão insuficientes para garantir o alcance da meta fiscal de 2025.
O Tesouro Nacional estimou em
seu relatório de projeções fiscais a necessidade de um esforço adicional
equivalente a 1% do PIB para chegar ao superávit de 0,5% do PIB prometido para
o ano que vem, o que significaria uma arrecadação extra de R$ 123,9 bilhões.
Na semana passada, a ministra
Simone Tebet afirmou que a manutenção das metas fiscais de 2024 e 2025 vai
depender do cenário para as receitas e que a rediscussão desses alvos
"está na mesa".
O governo tem margem dentro das
regras do arcabouço para fazer neste ano um déficit de até 0,25% do PIB (R$
28,8 bilhões). Na área econômica, a avaliação é de que é possível cumprir a
meta utilizando essa margem de tolerância com novas medidas que estão em
estudo, entre elas, a adoção de restrições de acesso ao Proagro (programa de
seguro rural bancado com subsídio do governo federal) e aperto no
seguro-defeso, benefício concedido ao pescador artesanal.
Os ministérios da Fazenda e do
Planejamento também contam com o ingresso de R$ 12,59 bilhões de pagamento de
dividendos extras da Petrobras. A liberação para o pagamento desses dividendos
será apreciada pelo CA (Conselho de Administração) da companhia no próximo dia
25. O ministro Fernando Haddad defende o pagamento com o argumento de que não
vai prejudicar o plano de investimentos da Petrobras.
Além da revisão de gastos dos
benefícios da Previdência, o governo conta com o trabalho dos fiscais da
Receita Federal no trabalho de pente-fino nas empresas que estão mudando o tipo
de CNPJ para terem acesso indevido a benefícios tributários de programas do
governo.
O Planejamento vai incluir no
PLDO um anexo com as políticas que serão alvo de revisão, como revelou a Folha
de S.Paulo.
Por Bahia
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