
Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente da França, Emmanuel
Macron, afirmou nesta quinta-feira (28) que cabe ao presidente Lula (PT)
decidir sobre um eventual convite a Vladimir Putin para vir ao Brasil para a
cúpula do G20, em novembro, no Rio de Janeiro. Segundo ele, o tema deve ser
abordado levando em conta "a liberdade de quem convida e o respeito de
todos" do grupo.
"Eu não tenho lição para
dar a ninguém, mas quando o presidente Lula convida, ele é responsável de seus
convites", disse Macron.
Presidente da Rússia, Putin
enfrenta um processo de isolamento internacional por parte dos Estados Unidos e
da Europa por causa da Guerra da Ucrânia.
Além do mais, o russo é alvo de
um mandado de prisão emitido pelo TPI (Tribunal Penal Internacional), sob
acusação de crimes de guerra no conflito no Leste da Europa.
Ao ser questionado sobre a
possível vinda de Putin ao Brasil, Macron usou como exemplo a reunião do G7 em
2019, na França, quando ele convidou o líder russo para uma reunião dias antes
da cúpula do clube de países ricos.
Segundo Macron, ao levar a
possibilidade de convidar Putin para o G7, houve reação dos demais membros do
grupo. "Me coloquei a mesma questão em 2019, no momento do G7. Nos
colocamos a mesma questão, de convidar o presidente Putin. A situação era menos
grave, mas a guerra já tinha começado, a Crimeia já tinha sido tomada",
disse, em declaração ao lado de Lula, no Palácio do Planalto.
"Jamais tive consenso dos
outros [membros do G7]. Alguns me disseram: 'se você chamá-lo, eu não irei.'
Isso será um bloqueio. Então o que ocorreu é que eu tomei uma decisão de
convidar o presidente Putin a Brégançon, vocês se lembram talvez. Eu tentei
chegar a um resultado, já que haveria o G7 algumas semanas depois. Penso que é
uma questão legítima".
A principal diferença do caso
citado por Macron é que a Rússia não é parte do G7. Mas ela integra o G20 como
membro pleno.
Macron também destacou que
decisões do G20 são consensuais. "Será um trabalho da diplomacia
brasileira, nós faremos tudo para ajudar. Se houver um encontro que pode ser
útil, é necessário fazê-lo. Se é um encontro que não é útil e vai provocar
divisão, me parece não necessário fazê-lo. Estamos a serviço da paz e do
interesse comum", afirmou.
Lula também abordou o tema da
guerra na Ucrânia. Ao responder a uma pergunta sobre o tema, o petista disse
que não é obrigado a ter o mesmo "nervosismo" que os europeus sobre o
tema. "Eu estou a tantos mil quilômetros de distância da Ucrânia que não
sou obrigado a ter o mesmo nervosismo que tem o povo francês, que está mais
próximo, ou o alemão."
Em seguida, ele defendeu
negociações de paz para encerrar o conflito e, referindo-se à Ucrânia e à
Rússia, disse que os "dois bicudos" vão precisar se entender.
"Aquela guerra só vai ter
uma solução, que vai ser a paz. Os dois bicudos vão ter que se entender. Em
algum momento eles vão ter que sentar e chegar à conclusão de que não valeu a
pena o que foi feito até agora: a destruição, os gastos, os investimentos em
arma, que são muito maiores do que os investimentos para combater a fome, a
desigualdade e a miséria", disse o petista.
Por Bahia
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