
Foto: Reprodução Youtube
A Semana Santa se inicia nesta segunda-feira (25) sob o impacto das
prisões, feitas pela Polícia Federal, dos mandantes do assassinato da vereadora
Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018. O Supremo Tribunal
Federal iniciou a segunda formando maioria na Primeira Turma para ratificar a
decisão do ministro Alexandre de Moraes de mandar prender os irmãos Domingos e
Chiquinho Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa.
Restam ainda os votos dos ministros Luiz Fux e Flávio Dino, os outros
dois membros da Primeira Turma, que têm até o final do dia para inserir suas
posições no plenário virtual. É certo, entretanto, que os dois devem seguir a
posição da maioria para a manutenção da prisão.
Da parte do governo, a semana será de uma intensa agenda do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva com o presidente francês Emmanuel Macron. Lula e
Macron estarão juntos de terça a quinta em Belém do Pará, no Rio de Janeiro e
em Brasília, para diversos eventos e reuniões bilaterais.
Confira abaixo a agenda dos três poderes em Brasília.
PODER EXECUTIVO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva iniciou a semana logo na manhã
desta segunda-feira (25), em um encontro com estudantes no Palácio do Planalto
para anúncio de pagamento da primeira parcela do programa Pé de Meia. O
programa garante R$ 200 mensais a alunos do ensino médio para incentivar a
conclusão dos estudos.
Ainda nesta segunda, Lula tem reuniões com o ministro das Relações
Exteriores, Mauro Vieira, e com o presidente do Conselho do grupo empresarial
indiano Tata Sons, Natarajan Chandrasekaran. À noite, Lula e a primeira-dama
Janja se reúnem no Palácio da Alvorada com deputadas e senadoras de partidos da
base aliada no Congresso Nacional, além de ministras do governo.
A reunião é a primeira promovida especialmente para parlamentares
mulheres na residência oficial do presidente. Neste mês, Lula recebeu, também
no Alvorada, líderes da Câmara e do Senado. Em convite encaminhado às
congressistas, a equipe de Janja diz que o objetivo do encontro é trocar
“experiências, conexões e fortalecimento mútuo”.
Na terça (26), chega ao Brasil o presidente francês Emmanuel Macron. O
mandatário francês se encontrará com o presidente Lula em Belém, no Pará. Os
dois farão um passeio de barco pela baía de Guajará com parada na Ilha do Combu
para encontro com lideranças indígenas.
Já na quarta (26), Lula e Macron se dirigem para o Rio de Janeiro, onde
visitarão o Complexo Naval de Itaguaí (RJ) para o lançamento do Tonelero, o
terceiro submarino construído no Brasil como parte do Programa de
Desenvolvimento de Submarinos da Marinha. O programa foi firmado em parceria
com a França no segundo mandato de Lula, em 2008.
Ainda na quarta, o presidente francês viaja para São Paulo, onde
participará do Fórum Econômico Brasil-França, da inauguração de um prédio do
Instituto Pasteur na USP, de encontro com o ex-jogador Raí e de um jantar com
personalidades da cultura brasileira nas proximidades da Avenida Paulista.
Depois disso, está prevista uma caminhada pela Avenida Paulista com o
vice-presidente Geraldo Alckmin, além de possível visita ao Masp.
Na quinta (28), Emmanuel Macron estará em Brasília, onde terá uma
reunião bilateral no Palácio do Planalto, para assinar atos de cooperação entre
os dois países. À tarde, o presidente francês visita o Congresso Nacional e se
reúne com os presidentes Arthur Lira (PP-AL), da Câmara, e Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), do Senado.
A agenda da economia na semana prevê o anúncio, na terça (26), pelo
IBGE, do IPCA-15 de março, índice que é visto como uma prévia da inflação. A
expectativa no mercado financeiro é uma alta de entre 0,3% e 0,35%.
Também na terça será divulgada, pelo Banco Central, a ata da reunião do
Copom que cortou a taxa de juros em 0,5 ponto percentual na semana passada. A
expectativa é de que o documento dê detalhes se a autoridade monetária
brasileira promoverá uma eventual diminuição no ritmo de queda da taxa Selic
nas próximas reuniões.
Na quarta (27), o IBGE divulga o estudo Estatísticas do Registro Civil
2022. O levantamento apresenta dados referentes aos nascidos vivos no Brasil,
casamentos e óbitos registrados e informados pelos Cartórios de Registro Civil
e de divórcios.
Já na quinta (28), o Banco Central divulgará o primeiro relatório
trimestral de inflação. O documento mostra as diretrizes das políticas adotadas
pelo Copom para controlar os preços. Ainda nesse dia, o IBGE divulgará a taxa
de desemprego no Brasil com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua.
PODER LEGISLATIVO
Na semana passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira
(PP-AL), firmou um acordo com os líderes partidários para finalizar a votação
de uma pauta definida de projetos, e reduzir o ritmo após o feriado da Páscoa.
Desta forma, a Câmara realizará sessões nesta semana para votar principalmente
dois projetos desta pauta: o processo de extinção de empresas, e o PL do
Devedor Contumaz, para reduzir o prazo de pagamento de multas e tributos
atrasados.
Com a votação desses dois projetos, os deputados entrariam em uma
espécie de “recesso informal” e só voltariam ao trabalho na semana que se
inicia em 8 de abril. O motivo da paralisação dos trabalhos é a janela para a
troca de partidos, devido às eleições municipais de outubro.
De acordo com o calendário da Justiça Eleitoral, a data final para quem
quer se filiar a uma sigla partidária e disputar um cargo nas eleições
municipais é 6 de abril. Muitos parlamentares devem passar a 1ª semana do mês
em negociações eleitorais em seus Estados.
Na semana passada, Lira e os líderes acertaram votar os seguintes
projetos; Paten (Programa de Aceleração da Transição Energética), aprovado em
19 de março; Reforma do Ensino Médio, aprovado em 20 de março; PL das
Saidinhas, aprovado em 20 de março; PL das Falências, que deve ser votado nesta
terça (26); PL dos Devedores Contumazes, que também deve ser aprovado na terça
ou no máximo na quarta (27).
Também nesta terça (26), no Plenário da Câmara, acontecerá uma sessão
solene em homenagem a Marielle Franco, assassinada em 2018 junto com seu
motorista, Anderson. O evento já estava marcado antes das prisões dos mandantes
do crime realizadas no fim de semana pela Polícia Federal.
A quarta (27) na Câmara será marcada por uma sessão especial, no
Plenário, às 10h, para debater a extinção do Perse (Programa Emergencial da
Retomada do Setor de Eventos) pelo governo, estabelecida na MP 1.202 de 2023.
Muitos deputados e líderes partidários defendem que o governo recue de sua
intenção e invalide a medida provisória, mantendo o Perse.
No Senado, a semana será aberta com a comemoração, nesta segunda (25),
dos 200 anos de existência da instituição. Para marcar a data, haverá uma
sessão solene especial às 15h, no plenário. Autoridades e embaixadores devem
participar do encontro. O Supremo Tribunal Federal será representado pelo
decano da Corte, Gilmar Mendes, já que o ministro Luís Roberto. Barroso está em
um compromisso fora de Brasília.
Além da sessão especial, o Senado terá eventos ao longo do dia em
comemoração ao aniversário de 200 anos de existência. Ainda nesta segunda
acontecerá o Seminário Internacional Democracia e Novas Tecnologias: desafios
da era digital, no auditório Petrônio Portella.
Já de noite haverá a apresentação do espetáculo musical “Senado 200
Anos: uma Jornada Histórica Rumo ao Futuro”, no auditório do Centro de
Convenções Ulysses Guimarães, com regência e direção musical do maestro João
Carlos Martins. O evento, às 20h, contará com composições de artistas como
Chiquinha Gonzaga, Dorival Caymmi, Zequinha de Abreu, Luiz Gonzaga, Tom Jobim,
Chico Buarque e Rita Lee.
PODER JUDICIÁRIO
Nesta semana, não existem julgamentos marcados para o Plenário
presencial do Supremo Tribunal Federal. No plenário virtual, haverá a
continuidade do julgamento iniciado na última sexta (22), em plenário virtual,
de uma ação que questiona leis estaduais que tratam do acesso ao porte de
armas. Na sexta (29), também em plenário virtual, será iniciada a análise de
outra ação sobre o tema.
Os processos fazem parte de um conjunto de dez ações apresentado ao
tribunal pela Advocacia-Geral da União em dezembro do ano passado. Assinadas
pelo presidente Lula, as ações sustentam que as legislações de estados e
municípios facilitam o acesso a armas de fogo.
Além disso, segundo a AGU, as regras violam a Constituição porque tratam
de tema que é competência da União. A Advocacia sustentou que não houve
autorização por lei complementar, como prevê a Carta Magna, para que as gestões
locais tratassem do tema.
Também nesta semana segue o julgamento, em plenário virtual, de uma ação
da AGU que questiona lei do Paraná de 2023. A regra classifica a atividade de
colecionadores, atiradores e caçadores como de risco. Com isso, já estariam
previamente configurados os requisitos do Estatuto do Desarmamento para
conceder o porte.
O relator é o ministro Cristiano Zanin, que votou para invalidar a
norma. O governo do Paraná negou que houve retirada de competências da Polícia
Federal para analisar a situação de cada pessoa que solicita o porte.
O governo também sustenta que a legislação foi editada dentro da
autonomia e das competências do estado. O ministro Zanin, entretanto, concluiu
que a regra é inconstitucional porque trata de tema de competência federal.
Por Bahia
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