
Foto: Divulgação
O ministro da Secretaria de
Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta (PT), falou novamente sobre o
caso dos móveis do Palácio da Alvorada que estavam desaparecidos e que foram
motivo de troca de farpas com a família de Jair Bolsonaro (PL) nesta quinta-feira
(21).
Esta foi a terceira vez que o
governo se manifesta oficialmente desde que o caso foi revelado pela Folha de
S.Paulo na quarta-feira (20). Pimenta falou com jornalistas em frente ao
Palácio da Alvorada.
Ele reforçou as notas divulgadas
pela Secom na véspera, de que nem todos os móveis estavam em condição de uso, e
que o desaparecimento dos 261 móveis do palácio foi constatado pelo governo
Bolsonaro.
"Durante o ano [de 2023]
esses itens foram sendo procurados em diversos depósitos, não havia nenhum tipo
de controle, era um absoluto descontrole da informação, de cadastros, muito
trabalho da nossa equipe, ao longo do ano nós conseguimos encontrar esses
itens", disse o ministro.
"Durante o governo
Bolsonaro, não tinha nenhum tipo de controle. [...] Esse número, 261 itens não
encontrados, não é um número nosso, é um número que foi informado pelo
Bolsonaro quando foi realizada a transição", completou.
Conforme o ministro, os itens
foram todos encontrados em Brasília, em depósitos do patrimônio público do
governo federal —sem entrar em maiores detalhes.
Em resposta à Lei de Acesso à
Informação da Folha de S.Paulo, o governo não precisou exatamente não estariam
os móveis encontrados.
A reportagem, então, antes de
publicar a notícia, questionou a Secom em qual local específico do Alvorada os
móveis foram encontrados. A secretaria disse que eles estavam "nas
diversas dependências" do palácio, sem fornecer mais detalhes.
Após a notícia ir ao ar, a Secom
divulgou uma primeira nota, afirmando que o desaparecimento dos móveis revelava
descaso da gestão anterior com patrimônio. Depois de cerca de quatro horas,
divulgou novo comunicado e disse ter encontrado "parte deles [dos itens]
abandonados em depósitos externos ao Palácio da Alvorada e sem efetivo controle
patrimonial".
Nesta quinta, Pimenta disse
ainda que a compra dos móveis de luxo para o Alvorada, que totalizou em R$ 197
mil, não tem conexão com a ausência dos 261 itens.
"O presidente determinou a
compra de quatro móveis, quatro, porque nem cama tinha aqui no Alvorada. O
presidente conseguiu se mudar no dia 6 de fevereiro, porque não havia condição
mínima para que ele pudesse vir para cá."
"Quando o presidente Lula
foi eleito a primeira vez, o Fernando Henrique Cardoso entregou o Alvorada
intacto. Foi assim na transição com a Dilma, foi assim na transição para o
Temer, porque sempre foi assim. Infelizmente, o Bolsonaro entregou o Alvorada
em péssimas condições", completou.
Apesar da fala do ministro, a
ausência dos móveis foi justamente apontada em abril do ano passado como um dos
motivos para a compra sem licitação de novos móveis para o Alvorada. Além
disso, foram comprados seis itens, não quatro, como ele apontou na sua fala.
Foram adquiridos de uma loja de
um shopping de design e decoração em Brasília uma cama, dois sofás e duas
poltronas. Em outra loja, o governo comprou um colchão king size.
Os gastos mais altos foram com o
sofá com mecanismo elétrico (reclinável para a cabeça e os pés), que custou R$
65,1 mil e com uma cama de R$ 42,3 mil.
Na véspera, a nota da Secom
disse também que os novos móveis comprados "foram os imprescindíveis para
recompor o ambiente do Palácio de acordo com seu projeto arquitetônico, e não
são necessariamente de mesma natureza dos itens do relatório citado".
O levantamento do patrimônio do
Palácio da Alvorada pela Comissão de Inventário Anual da Presidência da
República havia apontado preliminarmente, ainda em 2022, que 261 bens citados
não haviam sido localizados durante os trabalhos.
Já início do governo Lula, em
2023, a Presidência da República afirma que uma nova conferência havia sido
realizada e o número de bens desaparecidos diminuiu para 83. O relatório final
da comissão foi concluído só em setembro do ano passado, quando todos os itens
foram encontrados.
Por Bahia
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