
Calor de 40°C Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Sol, calor, suor, vento seco e quente. Em anos
anteriores, essa combinação seria a ideal para o verão baiano, mas em 2024 nem
as praias deram conta. Dentro de casa, a sensação de abafamento foi tanta que o
ar-condicionado passou de item de luxo a artigo de necessidade. Em Salvador, a
sensação térmica em alguns dias passou dos 40°C. Na última quinta-feira, por
exemplo, a temperatura máxima registrada foi de 30,4°c, mas por conta da alta
umidade, que atingiu de 78%, a sensação térmica foi de 38°C. Diante do tempo
abrasador, os baianos recorreram a todo tipo de recurso para se refrescar e
viram a conta de luz ficar até 170% mais cara.
Moradora da região da Praia do Flamengo, em
Salvador, a empresária Marina Miranda, de 22 anos, se mudou no início do verão
para a sua atual residência, onde vive com o marido. Antes disso, ela conta que
vivia com a mãe, tinha diversos eletrodomésticos e estava acostumada a pagar
R$200 de energia. Quando fez a mudança, chegou a pagar R$120, mas tudo mudou de
figura depois do início do verão.
“Só tenho seis eletrodomésticos. A única coisa que
uso de forma recorrente é a geladeira e o ventilador. Durante o dia, eu e meu
marido não ligamos televisão, trabalhamos pelo notebook e celular. Sempre foi
algo que fizemos, mas dessa última vez a conta de luz veio muito mais cara. Em
dezembro, foi R$275, em janeiro, R$185, e agora, em fevereiro, R$325. O pior é
que sofremos muito com o calor e o ventilador é de uso 24h, não tem como
desligar”, lamenta o valor, que registrou aumento de 170%.
Na casa do gerente comercial Elielson Morais, de 54
anos, foi tentado de tudo para afastar o calor. Além do aumento do uso do
ar-condicionado e dos ventiladores, os banhos se tornaram mais frequentes,
assim como a permanência em lugares mais arejados. Ainda assim, sua conta de
energia que costumava ser de até R$220 antes do verão saltou para R$340 em
fevereiro, representando um aumento aproximado de 55%. “Houve aumento da tarifa
de energia e aumento do uso dos eletros. O ventilador passou a ser utilizado durante
oito horas diárias, e o ar-condicionado começou a ficar ligado por seis horas
todo dia”, relata.
Uma soteropolitana, que preferiu não se
identificar, disse que a conta de energia teve aumento de 22% depois que o uso
do ar-condicionado se tornou diário. Por causa do calor, não só um, mas dois
aparelhos do tipo passaram a ser ligados todos os dias na sua residência e o
acréscimo passou a ser de 34% nos gastos com energia – em relação aos gastos
totais antes do verão.
Quem também relatou maus bocados na conta de
energia por conta do uso contínuo do ventilador foi a funcionária pública
Antônia Teixeira, que teve aumento de 100% na conta. “Meu gasto era em torno de
R$200, mas no verão foi aumentando a cada mês. Em março, tenho que pagar em
torno de R$400. O calor aumentou bastante e já teve dias em que usamos aqui em
casa dois ventiladores o dia inteiro”, diz.
No dia mais tranquilo do verão, Antônia afirma
deixar o ventilador ligado por oito horas. Ela acredita que é ele o vilão da
sua conta de luz, uma vez que as outras alternativas que costuma fazer uso para
fugir da quentura são sem custo. “Com certeza é o ventilador [o causador do
aumento]. Se fosse ar-condicionado, com certeza seria pior. Deixo todas as
janelas da casa abertas. Acredito que aumenta também a quantidade de banhos ao
dia para tentar fugir do calor”, finaliza.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla
Ribeiro
Por Correio24horas