Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
O Global Burden Disease (GBD),
instituto internacional de métricas em saúde, subiu de 15 para 37 o número de
doenças acompanhadas pelo monitoramento mundial de distúrbios neurológicos
--entre elas, as complicações pós-Covid-19. O relatório, divulgado nesta
quinta-feira (14), traz dados de 204 países.
Publicado na revista The Lacet
Neurology, o levantamento "Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk
Factors Study (GBD) 2021" analisa itens como mortalidade, prevalência
entre gêneros, anos vividos com incapacidade, anos de vida perdidos e anos de
vida ajustados por incapacidade atribuíveis a doenças e condições que causam
disfunção no sistema nervoso.
Em 2021, cerca de 3,4 bilhões de
indivíduos no mundo foram afetados por distúrbios neurológicos. E, embora as
mortes por esses diagnósticos tenham caído 33,6% nos últimos 31 anos, a
contagem de incapacitados subiu 18,2% no mesmo período, indicando uma crescente
nos custos com equipamentos médicos, cuidados, remédios e tratamento
multidisciplinar para essas pessoas.
"Incluímos morbidades e
mortes por condições neurológicas, para as quais a perda de saúde é diretamente
devida a danos no sistema nervoso central (SNC) ou no sistema nervoso
periférico. Também isolamos a perda de saúde neurológica para as quais a morbidade
do sistema nervoso é uma consequência, mas não a característica
principal", afirma o texto.
As adições englobam condições
congênitas (anomalias cromossômicas e defeitos congênitos de nascença),
condições neonatais (como icterícia, nascimento prematuro e sepse), doenças
infecciosas (Covid-19, equinococose cística, malária, sífilis, zika) e neuropatia
diabética.
São investigadas também as carga
dos distúrbios neurológicos mais prevalentes, como epilepsia, enxaqueca,
distúrbios do movimento, esclerose múltipla, lesões do sistema nervoso e
acidente vascular cerebral (AVC). Para os autores, a adição de novas condições
traz "um benefício notável, pois fornece uma imagem mais precisa da carga
global dos distúrbios neurológicos".
Algumas das condições
recentemente incluídas, como o TDAH (transtorno de déficit de atenção e
hiperatividade e o espectro autista "podem ultrapassar as fronteiras da
neurologia e serem abordadas de forma mais adequada noutras especialidades
médicas, como a pediatria, a medicina interna, a geriatria ou a psiquiatria,
dependendo da situação, região ou país".
O efeito que essas condições
podem ter na função neurológica e na saúde geral, entretanto, não deve ser
negligenciado ou descartado, segundo o estudo.
Na região das Américas da OMS
(Organização Mundial da Saúde), que compreende 51 países e territórios, a
principal preocupação apontada pelos pesquisadores é com a falta de preparo
para lidar com o envelhecimento da população. Em 2019, o AVC foi a segunda
principal causa de morte nessas localidades e a doença de Alzheimer e outras
demências foram a terceira.
"Os recursos atribuídos
para resolver a situação ficam muito aquém das necessidades. Entre 2020 e 2050,
a proporção da população da América Latina e do Caribe com mais de 60 anos
quase dobrará, e espera-se que esse envelhecimento da população leve a aumentos
substanciais do número de pessoas com problemas neurológicos que exigiriam
cuidados coordenados e multidisciplinares", alertam os colaboradores do
GBD.
O novo documento toma como base
os levantamentos anteriores do instituto e dá continuidade a uma série
histórica com registros de 1990 até 2021 --o relatório anterior foi publicado
com dados de até 2019.
O relatório conta com
financiamento da Fundação Bill e Melinda Gates e chancela da OMS.
Por Bahia Notícias