Feira de Santana, vista de cima Crédito: Divulgação/Prefeitura de Feira de Santana
Os sintomas estendidos da Covid-19 possuem
diagnóstico e tratamento difíceis em todo o país. As chamadas condições
pós-Covid ainda são um mistério para a comunidade médica, que não tem
estimativas sobre o impacto da doença a longo prazo. Por isso, a Secretaria de
Vigilância em Saúde (SVSA) encomendou a continuidade da pesquisa Epicovid 2.0,
responsável por monitorar o pós-pandemia em 133 municípios do Brasil e
aprimorar o atendimento dos pacientes. Destes municípios, 10 são baianos.
A pesquisa começou na última segunda-feira (11) em
todo o país. Participam do levantamento os municípios de Barreiras, Feira de
Santana, Guanambi, Itabuna, Irecê, Juazeiro, Paulo Afonso, Salvador, Santo
Antônio de Jesus e Vitória da Conquista - todos participaram da primeira etapa
da Epicovid, realizada nos anos de 2020 e 2021. As cidades que fazem parte do
monitoramento são as mais populosas de cada uma das 133 regiões intermediárias
do Brasil, conforme classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Serão coletadas informações de 250 cidadãos de cada
um dos municípios que já fizeram parte da etapa anterior do trabalho
científico, ou seja, 2.500 baianos participarão da coleta. As equipes
entrevistadoras farão visitas para ouvir moradores sobre questões que envolvem
sintomas de longa duração, efeitos da doença na rotina diária, histórico de
vacinação contra a Covid, entres outros.
De acordo com o infectologista Adriano Oliveira, os
sintomas pós-Covid são muito variados, podem ser incapacitantes e ainda muito
pouco conhecidos no seu funcionamento. “Não temos ainda uma proposta
terapêutica para essa situação. O acúmulo de informações sobre essa condição é
essencial para ajudarmos as pessoas que nela se encontram”, pontua.
Os sintomas prolongados da doença infecciosa é uma
das preocupações de pacientes que já foram diagnosticados com a doença. A
fiscal de transporte público Joseane Dantas, 41 anos, teve Covid-19 há dois
anos e afirma que as dores de cabeça que sente atualmente são mais fortes do
que no período pré-infecção. “Sinto ainda muita dor de cabeça, isso foi sequela
da Covid. A dor é muito forte, até hoje”, relata.
Investigar esses sintomas prolongados é um dos
principais objetivos da pesquisa, de acordo com o idealizador e líder da
Epicovid, o epidemiologista da UFPel Pedro Hallal. “Queremos investigar esses
sintomas de longa duração, que chamamos hoje de Covid longa. Os resultados vão
servir para serem repassados para a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, de
cada um dos municípios e para o Ministério da Saúde, para que sejam elaboradas
políticas públicas que beneficiem a população”, explica.
Além do monitoramento da permanência de sintomas, o
estudo também pretende explorar os impactos sociais, econômicos, educacionais e
aspectos relacionados à saúde de mental dos moradores, que serão escolhidos de
forma aleatória. Apenas uma pessoa por residência responderá ao questionário. O
objetivo é que o Ministério da Saúde consiga qualificar e ampliar os serviços
exigidos por conta das possíveis sequelas da doença. Além disso, a análise dos
dados será utilizada para embasar artigos científicos.
Além do Ministério da Saúde e da UFPel, estão
diretamente envolvidas no estudo a Universidade Católica de Pelotas (UCPel),
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Fundação Getúlio Vargas (FGV). Na primeira etapa, os
dados indicaram que o número de pessoas infectadas era três vezes maior do que
os dados oficiais e o e que crianças tinham o mesmo risco dos adultos de
infecção, embora a gravidade da doença fosse menor entre elas.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla
Ribeiro
Por Correio24horas