Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania recebeu 1.790 denúncias de violência patrimonial e financeira na BA Crédito: Janaina Neri/Ascom SJDH


Mulheres com idade acima de 60 anos são as principais vítimas de violência patrimonial e financeira na Bahia. É o que aponta as denúncias realizadas através do Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC). Dos 1.790 registros de violações desse tipo no estado, 1.253 tiveram mulheres idosas como vítimas. A quantidade corresponde a 70% de todas as denúncias.

 

A violência financeira consiste no abuso contra a vítima através de roubos, fraudes, manipulação de bens ou controle abusivo de finanças. Isso acontece quando parentes se apropriam de documentos de idosos para conseguir empréstimos junto a bancos, sem a autorização das vítimas.

 

“Na imensa maioria dos casos, os violadores são pessoas próximas das vítimas. Lembro de um caso em que a sobrinha que era responsável pelo cuidado de uma idosa fez empréstimos de mais de R$80 mil sem que a vítima soubesse”, conta Elves Martins, que é coordenador de atendimento da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA). Há 27 anos, ele orienta idosos vítimas de fraudes a alcançarem seus direitos.

 

O advogado Pedro Falcão, especialista em Direito do Consumidor, explica que nem sempre é fácil comprovar que contratos foram firmados por meio de coação, como acontece em casos de violência financeira. "É uma situação complicada porque depende de como a coação foi feita. Se a coação for comprovada, é possível, por meio de uma ação, declarar a nulidade do contrato. Porém, se a pessoa não tiver condições de comprovar a fraude ou coação, ela pode receber uma notificação extrajudicial ou processo judicial de cobrança", diz.

 

Já a violência patrimonial, como o próprio nome diz, faz referência às ações ilegais que prejudicam o patrimônio dos idosos. Pressão para assinatura de documentos, alterações indevidas de testamentos e vendas de bens sem consentimento são alguns exemplos de violações.

 

“Uma análise do perfil das vítimas revela que são mulheres, acima dos 65 anos, e que não possuem emprego formal que as permita receber aposentadoria. Em geral, o recurso que elas têm é fruto do Benefício de Prestação Continuada (BPC), que consiste em um salário mínimo”, Lídia Santos, coordenadora de políticas públicas para pessoas idosas da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos da Bahia (SJDH).

 

Mesmo quando têm a consciência de que são vítimas de injustiça, os idosos enfrentam dificuldades para acessar seus direitos. A professora aposentada Clebia, de 65 anos, buscou ajuda na Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (Deati), em Salvador. Em conversa com a reportagem, a idosa contou que teve a casa ocupada pela nora sem autorização e que é vítima de violência de diversos tipos.

 

“Depois que meu marido faleceu, em 2017, meu filho e minha nora vieram morar na minha casa. Ela transformou minha casa em um comércio e eu não tenho mais espaço nem no quarto. Quando eu reclamo, ela me xinga e me ameaça”, desabafou a idosa. Sem apoio dos familiares, ela chegou a se mudar para a casa de uma amiga. “Eu não aguento mais essa situação. Só quero que eles devolvam a minha casa”, disse emocionada.

 

Canais de denúncias

 

Delegacia da Pessoa Idosa (DEATI) Salvador: (71) 3117-6086/6080

Defensoria Pública do Estado da Bahia: 129 ou 0800 071 3121 e digite 3. (ligação é gratuita) Atendimento de segunda a sexta-feira, das 08H às 17H, e pode ser feita da capital e do interior do Estado. www.defensoria.ba.def.br

Ministério Público do Estado da Bahia: 127 ou 0800 071 1422 (ligações de fora do Estado da Bahia) ligação é gratuita, das 8h às 18h e-mail: pjidosopcd@mpba.mp.br Ouvidoria: ouvidoria@mpba.mp.br

Coordenação de Articulação de Política para a Pessoa Idosa - CAPI/SUDH: (71) 3115-0278

Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Idosa - CEPI e-mail: cepi@sjdh.ba.gov.br

PROCON: e-mail: denuncia.procon@sjdh.ba.gov.br

 

Por Correio24horas