Foto: Reprodução / Instagram Javier Milei
Fevereiro veio com um respiro
para o presidente argentino Javier Milei, que comemorou uma inflação de 13% no
mês passado, divulgada nesta terça (12). O número ficou abaixo do esperado, que
era de cerca de 15%, e representa uma desaceleração significativa em relação
aos meses de dezembro e janeiro.
Ainda assim, os preços
acumularam um aumento de 276% nos últimos 12 meses no país e continuam nos
níveis mais altos desde o início da década de 1990, quando a Argentina saía de
uma hiperinflação. O vizinho também segue com a pior marca do mundo, depois de
passar Venezuela e Líbano recentemente.
A Casa Rosada divulgou um
comunicado afirmando que o novo índice "é resultado do trabalho do governo
para impor uma forte disciplina fiscal". "A subida inflacionária que
enfrentamos é produto da emissão descontrolada de dinheiro nos últimos anos e
do desperdício gerado pelo programa econômico do ex-ministro [peronista] Sergio
Massa", escreveu.
Nesta segunda, o Banco Central
-que na Argentina é fortemente ligado ao governo- decidiu baixar a taxa de
juros de 110% para 80% anuais, o que deve incentivar os investimentos em
dólares, argumentando que desde dezembro a conjuntura econômica apresenta sinais
"visíveis de redução da incerteza macroeconômica".
A forte queda da atividade e do
consumo, porém, causadas pela diluição dos salários e das aposentadorias que
não subiram no mesmo ritmo dos preços desde dezembro, também são apontadas como
causas para a desaceleração da inflação em fevereiro. O governo terá o desafio
de manter a tendência de queda em março, mês em que sazonalmente se espera
aumento de algumas tarifas.
Segundo o Indec, o equivalente
ao IBGE argentino, no último mês as categorias que mais subiram no país foram
telefonia e internet (25%), transporte (22%) e água, eletricidade, gás e outros
combustíveis (20%), refletindo a retirada de subsídios do governo nos
transportes públicos e nas contas de luz.
Os alimentos e bebidas,
principal preocupação do dia a dia nas classes baixa e média argentinas,
registraram uma alta de 12% em fevereiro, abaixo da média geral, depois de uma
explosão em dezembro. As famílias têm cortado itens da lista do mercado e até refeições
inteiras, sem conseguir pagar pela comida.
Diante dessa situação, o governo
de Milei anunciou nesta terça que vai abrir as importações de itens da cesta
básica e retirar alguns de seus impostos, para aumentar a competitividade e
acelerar a correção dos preços. Segundo o porta-voz da Casa Rosada, Manuel
Adorni, os empresários de supermercados admitiram que os valores subiram além
do que deveriam nas gôndolas.
"O ministro [da Economia]
Luis Caputo se reuniu com empresários de supermercados nesta segunda [11] para
conversar sobre a evolução da inflação e, nessa reunião, eles reconheceram que
houve um aumento de preços acima da expectativa da inflação", disse Adorni
em sua entrevista coletiva diária.
Em dezembro, Milei já havia anunciado a extinção do sistema de importações argentino chamado Sira, que antes exigia a autorização prévia do governo para compras internacionais, na intenção de evitar a fuga de dólares do país. O novo presidente o substituiu por um sistema automatizado, sem interferência do Estado.