Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Dos 9,8 milhões de jovens
brasileiros de 14 a 29 anos que estão fora da escola sem ter concluído a
educação básica, 62% dizem que voltariam a estudar se tivessem a opção de ter
aulas no período noturno.
A informação é da pesquisa
"Juventudes fora da escola", idealizada pelo Itaú Educação e Trabalho
e pela Fundação Roberto Marinho e elaborada com o Instituto Datafolha. Os dados
foram divulgados na tarde desta segunda-feira (11).
O estudo mostra que a maioria
dos jovens que precisaram abandonar os estudos o fez em razão de dificuldades
financeiras, que os levaram a deixar a escola para trabalhar. A maioria deles
também afirma que gostaria de concluir a educação básica para conseguir um
emprego melhor futuramente.
A pesquisa traçou o perfil mais
comum dos jovens fora da escola. Ele são homens (58%), negros (70%), possuem
renda familiar per capita de até 1 salário mínimo (78%) e estão trabalhando
(84%). A maior parte deles (67%) trabalha no mercado informal.
A pesquisa tem como objetivo
entender os principais motivos e consequências de não se concluir a educação
básica no Brasil e também busca identificar as políticas mais efetivas para
garantir que esses jovens possam voltar a estudar.
Foram feitas entrevistas com
1.643 jovens dessa faixa etária que não estavam estudando nem tinham terminado
a educação básica. Eles foram abordados de forma presencial em 200 municípios
das 27 unidades da federação. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para
mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
Os resultados mostram que 73%
desses jovens gostariam de voltar para a escola para terminar os estudos. Para
52%, concluir a educação básica é importante para conseguir um emprego melhor e
28% disseram que gostariam de fazer faculdade ou ter uma profissão. Outros 12%
responderam que gostariam de ter estudo para "ser alguém na vida", e
11% para "falar melhor, melhorar o conhecimento".
Os dados revelam ainda que
muitos deles tentaram encontrar alternativas para continuar estudando, mas não
conseguiram por falta de oportunidade. A pesquisa mostra que 35% deles
procuraram concluir os estudos em uma turma de EJA (Educação de Jovens e Adultos)
e 7% fizeram o Encceja (Exame Nacional para a Certificação de Competências de
Jovens e Adultos) para tentar o diploma de alguma das etapas educacionais.
O principal entrave apontado por
eles para continuar estudos foi o horário de aulas incompatível com o de
trabalho, 62% disseram que conseguiriam voltar para a escola se tivessem a
opção de estudar no período noturno.
Os dados do Censo Escolar 2022,
divulgados pelo Ministério da Educação em fevereiro, já apontavam para a queda
de oferta de turmas de EJA nas redes públicas do país, que funcionam
majoritariamente no período noturno. O censo mostrou que, desde 2018, as matrículas
na EJA caíram 27% em todo o país, com a perda de quase 1 milhão de alunos. Essa
etapa atendia 3,5 milhões de estudantes e passou a ter apenas 2,5 milhões, em
2023.
"Enquanto para os jovens
das camadas mais privilegiadas é praticamente uma formalidade concluir o ensino
médio, para as juventudes mais vulneráveis a violação do direito à educação não
tem recebido o devido cuidado", diz Rosalina Soares, assessora de pesquisa
da Fundação Roberto Marinho.
"Não seremos uma nação
justa e economicamente forte se permitirmos que dois em cada dez jovens cheguem
à vida adulta sem ao menos o ensino médio", completa Rosalina.
Por Bahia
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