Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil
Em 2022, o rendimento recebido
pelas mulheres equivale a 78,9% dos homens, um quadro de desigualdade que vai
piorando conforme aumenta a idade do grupo verificado. Em relação à ocupação,
entre as mulheres de 25 a 54 anos, 63,3% estão ocupadas, enquanto entre os
homens da mesma faixa etária, a taxa de ocupação é de 84,5%. Entre
profissionais de ciências e intelectuais, o salário das mulheres representa
apenas 63,3% do que recebem os homens.
Esses são alguns dos muitos
dados apresentados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE com o estudo “Estatísticas
do Gênero”. O instituto divulgou o estudo nesta manhã especialmente para o Dia
Internacional da Mulher, com objetivo de mostrar o tamanho da desigualdade
enfrentada pela mulher na sociedade brasileira.
O levantamento mostra que no
Brasil, as mulheres pretas ou pardas são mais afetadas pelas desigualdades na
educação, no mercado de trabalho, na renda e na representatividade política do
que as brancas. Elas dedicam mais tempo aos afazeres domésticos e cuidados de
pessoas, têm menor taxa de participação no mercado de trabalho e menor
percentual entre as ocupantes de cargos políticos.
O estudo revela também que as
mulheres pretas ou pardas representam a maior parte das vítimas de homicídios
contra mulheres praticados fora do domicílio e têm maior percentual de pessoas
em situação de pobreza.
Em 2022, as mulheres dedicaram
quase o dobro de tempo que os homens aos cuidados de pessoas e/ou afazeres
domésticos. Essas tarefas consumiram 21,3 horas semanais delas contra 11,7
horas deles.
O recorte por cor ou raça feito
pelo IBGE também possibilita verificar essa diferença entre mulheres. As
mulheres pretas ou pardas gastavam 1,6 hora a mais por semana nessas tarefas do
que as brancas. Já entre os homens não houve distinção significativa nesse
recorte. Além disso, a diferença entre mulheres brancas e pretas ou pardas
aumentou desde 2016, início da série histórica desse indicador.
Outro ponto do levantamento
mostra que a presença de crianças de até seis anos de idade em casa desfavorece
a participação das mulheres no mercado de trabalho, mas favorece os homens.
Enquanto o nível de ocupação de mulheres que vivem com crianças nessa faixa
etária cai para 56,6%, o de homens sobe para 89%. As pretas e pardas nessa
situação são mais afetadas (51,7% de ocupação) que as brancas (64,2%).
De acordo com os pesquisadores,
o tempo de dedicação das mulheres aos trabalhos domésticos não remunerados
também influencia a jornada de trabalho cumprida por elas. Em 2022, 28,0% das
mulheres ocupadas trabalhavam em tempo parcial (até 30 horas semanais),
enquanto essa proporção era de 14,4% entre os homens.
No estudo há também um recorte
que mostra que o percentual era ainda maior entre as mulheres do Norte (36,9%)
e do Nordeste (36,5%), além das pretas ou pardas (30,9%) quando comparadas às
brancas (24,9%). A taxa de desocupação do total da população feminina (11,8%)
também era maior que a dos homens (7,9%).
Outro dado ligado às
características de inserção no mercado de trabalho é a maior taxa de
informalidade delas (39,6%) em relação aos homens (37,6%). Esse tipo de
ocupação, caracterizado pelo menor acesso aos direitos trabalhistas, também era
mais presente entre pretos ou pardos do que entre a população branca. A
diferença entre a taxa de informalidade das mulheres pretas ou pardas (45,4%) e
dos homens brancos (30,7%) chegou a quase 15%.
O levantamento feito pelos
pesquisadores do IBGE mostra que em 2022, a taxa de pobreza entre as mulheres
pretas ou pardas foi de 41,3%, quase o dobro do percentual entre as brancas
(21,3%). A mesma desigualdade similar é verificada entre os homens: em 2022, a
taxa de pobreza foi estimada em 38,6% para os pretos ou pardos, acima da marca
de 20,6% dos brancos.
As diferenças também aparecem na
extrema pobreza. Em 2022, 8% das mulheres pretas ou pardas eram consideradas
extremamente pobres no Brasil, mais do que o dobro do percentual entre as
brancas (3,6%). Entre os homens, o mesmo indicador foi de 7,4% para pretos ou
pardos. Também é mais do que o dobro da taxa de extrema pobreza dos brancos
(3,4%).