Foto: Rafa Neddermeyer / Agência
Brasil
O custo da Cesta Básica de
Salvador apresentou elevação de 2,93% na passagem de janeiro para
fevereiro, mais uma vez devido, principalmente, aos problemas climáticos causados pelo El Niño,
fenômeno que eleva as temperaturas do Oceano Pacífico e gera o aquecimento
anormal das águas, situação que causa desequilíbrio na quantidade de chuvas. A
informação consta no relatório sobre a Cesta Básica da capital baiana elaborado
pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI).
A banana-prata foi item com
maior alta (+15,99%). De acordo com informações da Associação de
Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), o El Niño vem provocando elevação da
temperatura e escassez pluviométrica (chuvas) na Região Oeste da Bahia,
“limitando, deste modo, a produtividade dos bananais, o que contribui para
diminuir a oferta e pressionar para cima o preço da fruta”. Segundo dados do
Centro de Abastecimento da Bahia (Ceasa), o preço médio da caixa de 45kg da
banana prata em fevereiro foi de R$247,78, alta de 5,44% em relação ao mês de
janeiro de 2024, quando o preço médio da mesma caixa foi de R$235,00. Os
valores constam em dados da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE).
Entretanto, a discrepância entre
oferta e demanda motivado por outros fatores também influenciaram o resultado
do mês em análise. Ainda de acordo com o relatório da SEI, o preço da
banana-prata também subiu devido ao período de entressafra (intervalo entre a
colheita e o início de um novo ciclo de produção) nas principais praças
produtoras da fruta, especialmente em Minas Gerais, terceiro maior produtor
brasileiro atrás de São Paulo e Bahia.
Já o preço da cenoura - segundo
item com maior alta (15,66%) - subiu em virtude dos altos índices
pluviométricos (quantidade de chuvas) que atingiram o estado de Minas Gerais,
maior produtor brasileiro desta raiz. Ainda de acordo com o relatório, as condições
climáticas geradas pelo El Niño, contribuíram para o aparecimento de pragas na
lavoura, o que aumentou consideravelmente o descarte do produto, levando à
redução da oferta. Os dados ainda mostram que a alta no preço da cebola ocorreu
em virtude também de problemas climáticos. As fortes chuvas na Região Sul e a
escassez hídrica que afetou o Nordeste causaram problemas na lavoura, em
especial na Bahia, segunda maior produtora desta hortaliça no Brasil.
QUEDA NA CARNE
O relatório da SEI também aponta
que o preço da carne de frango - que teve queda de 4,25% - caiu
devido a três fatores: o primeiro, foi a redução dos custos dos produtos
utilizados na avicultura como a soja e o milho, ambos usados como ração para as
aves. O segundo fator que contribuiu para a queda foi a baixa procura pela
carne do frango, o que desestimulou o abate das aves. Por fim, as exportações
da carne de frango apresentaram expressiva diminuição por causa da queda nas
vendas para países Asiáticos e do Oriente Médio
As carnes bovinas de primeira e
de sertão, por sua vez, tiveram queda no preço (-3,66%) e isso por causa
do aumento do abate e consequente aumento da oferta no mercado. Há também
abates de fêmeas, o que ajuda a derrubar ainda mais o preço. Analistas do
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São
Paulo (USP), entretanto, apontam para a necessidade da reação da demanda
interna para que os preços se mantenham estáveis, mas a restrição orçamentária
da maior parte do povo brasileiro contribuiu para a permanência dos preços
baixos.
CESTA BÁSICA
Calculada pela SEI, com base em
2.950 cotações de preços realizadas em 97 estabelecimentos comerciais
(supermercados, açougues, padarias e feiras livres) de Salvador, a Cesta Básica
da capital baiana passou a custar R$ 575,66 no mês de fevereiro de 2024. Deste
modo, quando comparado com o custo estimado no mês imediatamente anterior,
houve uma elevação de 2,93% – aumento de R$ 16,38 centavos em relação a
janeiro, em termos nominais.
Dos 25 produtos da Cesta Básica
de Salvador, 16 registraram alta nos preços, a saber: banana-prata (15,99%),
cenoura (15,66%), linguiça calabresa (10,14%), cebola (9,89%), batata inglesa
(6,09%), pão francês (5,13%), maçã (4,57%), feijão (4,47%), arroz (3,41%),
queijo muçarela (2,11%), leite (2,07%), café moído (1,92%), ovos de galinha
(1,66%), manteiga (1,65%), farinha de mandioca (1,58%) e a carne de segunda
(1,36%).
Enquanto nove produtos
apresentaram redução: queijo prato (-13,54%), frango (-4,25%), carne de sertão
(-3,66%), óleo de soja (-3,37%), carne de primeira (-2,24%), flocão de milho
(-1,32%), açúcar cristal (-1,14%), macarrão (-1,11%) e o tomate (-0,96%).