Foto: Ricardo Stuckert/PR
Passados oito meses de
seu terceiro mandato, o presidente Lula (PT) tem sua aprovação estável, mas viu
a reprovação subir. Consideram o petista bom ou ótimo 38%, enquanto 30% o acham
regular e 31%, ruim ou péssimo.
O dado foi aferido pela
mais recente pesquisa acerca do governo Lula 3 feita pelo Datafolha, que havia
tomado o mesmo pulso nos primeiros três e cinco meses de gestão. Foram ouvidas
2.016 pessoas em 139 cidades na terça (12) e quarta (13). A margem de erro é de
dois pontos, para mais ou menos.
Não souberam opinar 2%
dos ouvidos. O único índice que oscilou acima da margem de erro em relação ao
levantamento de junho passado, levando em conta que números iguais nos limites
superior e inferior delas não configuram empate, foi a reprovação, que era
então de 27%.
Não se trata, portanto,
de uma disparada da reprovação.
A notícia positiva mais
evidente para o presidente é uma certa manutenção do quadro, apesar de
instabilidades políticas, como a longa discussão acerca da ampliação do espaço
do centrão, esteio do antecessor Jair Bolsonaro (PL). Após idas e vindas, Lula
cedeu ministérios para o grupo conservador, mesmo sem ter certeza de que isso
se reverterá em apoio congressual.
O incômodo em sua base
política pelo descarte sumário da ministra Ana Moser (Esporte), por exemplo,
não é perceptível no conjunto da população. É possível argumentar que o
noticiário extremamente negativo sobre seu antípoda, Bolsonaro, possa manter a
chama da polarização acesa, evitando assim grandes mudanças pendulares no
eleitorado.
Outro tema de relativa
constância são os principais termômetros da economia quando o assunto é
popularidade de governantes, inflação e desemprego, que seguem rota controlada.
São assuntos bem mais concretos do que alta do Produto Interno Bruto, boa
notícia algo etérea para a percepção popular.
A estratificação da avaliação
do petista segue a mesma também, com suas melhores taxas de aprovação entre os
sempre fiéis nordestinos (49%, entre 26% da amostra populacional do Datafolha),
menos instruídos (53%, 28% dos ouvidos) e mais pobres (43%, 51% dos
entrevistados).
Repetindo alguns mantras
da polarização, Lula é mais rejeitado na região Sul (39%, 14% do eleitorado),
mais escolarizados (39%, 22% da amostra), numa classe média mais abastada (44%
entre os que ganham de 5 a 10 salários mínimos, 8% dos ouvidos) e entre evangélicos
(41% no grupo, que soma 28% da população) —o petista ensaiou um flerte com
esses últimos, mais associados ao bolsonarismo e mais ativos politicamente, sem
sucesso.
Um segmento chama a
atenção, o dos jovens de 16 a 24 anos, que compõem 17% da amostra. Acham Lula
regular 43% dos ouvidos, com taxas inferiores de rejeição (23%) e de aprovação
(31%). Em avaliação de governantes, o regular usualmente pende para o negativo,
apesar de a propaganda do Planalto divulgar de forma marota o dado somado ao daqueles
que acham o presidente ótimo ou bom.