Ao menos 32 pessoas morreram no Rio Grande do Sul, na passagem de um ciclone devastador, segundo um novo balanço divulgado
nesta quarta-feira (6) pelas autoridades, que se preparam para novas chuvas
torrenciais.
Chuvas intensas e ventos fortes causaram destruição e deixaram
localidades submersas, enquanto dezenas de socorristas tentavam chegar a áreas
ilhadas, onde ainda havia milhares de pessoas isoladas.
Este é o mais recente de uma série
de desastres climáticos que se sucederam nos últimos
meses no Brasil, e o mais mortal do Rio Grande do Sul.
"Infelizmente, acabo de receber a confirmação de mais quatro
óbitos", elevando o total de vítimas fatais a 31, disse o governador
Eduardo Leite, que descreveu "um evento absolutamente fora do comum".
Anteriormente, o governo havia reportado seis mortes em relação ao
balanço de 21 mortos de terça-feira.
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As chuvas intensas e os ventos fortes afetaram no total 70 municípios e
mais de 52.000 pessoas. As autoridades também informaram que mais de 5.300
pessoas tiveram que deixar suas casas.
As autoridades afirmam ter conseguido resgatar milhares de pessoas, mas
continuavam os esforços em uma corrida contra o tempo, com aeronaves e barcos,
para chegar às regiões mais afastadas.
Ainda segundo o governador, ainda há muitas famílias sobre os telhados
das casas.
Leite se disse especialmente preocupado porque a previsão do tempo para
o fim do dia e amanhã é de volta das chuvas, com risco de novas inundações.
"O solo já está encharcado e os rios estão cheios", disse.
"Desolador"
Leite sobrevoou com uma comitiva do governo federal as áreas castigadas desde a
madrugada de segunda-feira.
"Encontramos um cenário triste e desolador", relatou
na rede social X (antigo Twitter) Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria
de Comunicação Social da Presidência da República, que acompanhou os sobrevoos.
A cidade de Muçum, onde foram localizados 15 mortos, ficou parcialmente
submersa.
Segundo a imprensa local, a situação de emergência em Muçum e na cidade
vizinha de Roca Sales obrigou as autoridades a recorrer a um caminhão
frigorífico para transportar os corpos das vítimas.
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"Ontem a água começou a baixar no final do dia. É uma coisa que
assusta. Destruiu tudo. Roca Sales, hoje, não tem mais nada", disse o
prefeito da cidade, Amilton Fontana, citado pelo site A Hora.
Entre os mortos pelo ciclone está uma mulher de 50 anos, que perdeu a
vida na localidade de Lajeado ao cair em um rio depois que o cabo com o qual um
socorrista tentava resgatá-la se rompeu.
Em Passo Fundo, um homem morreu eletrocutado e em Ibiraiaras, um casal
morreu quando seu carro foi arrastado pela enxurrada enquanto atravessava uma
ponte.
Fenômenos extremos
O Brasil sofre com fenômenos climáticos extremos frequentes, e os cientistas
apontam para um vínculo com os efeitos das mudanças climáticas.
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Em junho, um ciclone deixou pelo menos 13 mortos também no Rio Grande do
Sul, enquanto milhares de pessoas foram evacuadas ou perderam suas casas.
Em fevereiro passado, 65 pessoas morreram em deslizamentos provocados
por chuvas recorde registadas em São Sebastião, destino turístico praiano a 200
km da cidade de São Paulo.
Nessa ocasião, mais de 600 mm de chuvas caíram em 24 horas, mais que o
dobro esperado para o mês.
Os especialistas também atribuem os efeitos devastadores à urbanização
descontrolada.
Dos 203 milhões de habitantes do país, cerca de 9,5 milhões vivem em
áreas de risco para deslizamentos ou enchentes.