A Polícia Militar da Bahia (PM-BA) decidiu mudar os uniformes usados pelos policiais da corporação. A mudança foi anunciada na manhã desta quinta-feira (26) pelo Coronel Paulo Coutinho, comandante-geral da instituição, em uma reunião realizada de forma virtual com capitães e tenentes.

 

De acordo com Paulo Coutinho, uma portaria deve ser publicada nos próximos dias divulgando a novidade, que deve ser apresentada oficialmente apenas no próximo dia 2 de julho, data em que se comemora a Independência do Brasil na Bahia.

 

Até lá, os policiais devem se organizar para comprar, com seus próprios salários, os novos acessórios, todos na cor preta: boinas, coturnos, cintos, capas de colete.

 


Foto: Reprodução

 

Mesmo ganhando um auxílio fardamento, em valores que normalmente variam de R$ 50 a R$ 150 entre os soldados, a mudança não agradou aos policiais. De acordo com um capitão da PM-BA, ouvido pelo Bahia Notícias sob a condição de anonimato, o custo dos novos acessórios deve superar R$ 1 mil.

 

“Como um soldado que ganha R$ 3 mil vai arrumar R$ 1 mil para comprar todos esses acessórios até o dia 2 de julho? É um absurdo, com o Brasil na situação que está, com inflação do jeito que está, a gente ser exigido a comprar tanta coisa em tão pouco tempo”, disse o policial.

 

No início do mês, três policiais militares foram mortos na região de Águas Claras e Cajazeiras, na periferia de Salvador (relembre aqui e aqui). Os soldados Alexandre Menezes, Shanderson Ferreira e Vitor Vieira Cruz foram baleados e acabaram falecendo, gerando grande comoção na corporação.

 

“Infelizmente, o que parece é que o comando da Polícia Militar está desligado da realidade dos seus comandados. Acabamos de perder três colegas. Se fosse uma mudança necessária, para a nossa segurança, tudo bem, entenderíamos. Mas é uma mudança supérflua, por vaidade”, finalizou o policial.

 

Procurada pelo Bahia Notícias, a PM-BA respondeu apenas que "não há estimativas quanto a datas de possíveis mudanças ou aspectos delas decorrentes". Até o momento da publicação desta nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) não se manifestou sobre a consulta da reportagem.