Quatro semanas. Este é o prazo após o aparecimento dos sintomas que pacientes com varíola dos macacos podem transmitir a doença. Amesh Adalja, especialista em doenças infecciosas da Universidade John Hopkins, fez o alerta em uma entrevista publicada hoje no jornal britânico "Daily Mail".
Segundo ele, as pessoas que contraem o vírus inicialmente sofrem de febre antes que as erupções cutâneas e lesões de pele apareçam no rosto e no corpo. O vírus pode então ser transmitido através do toque nas áreas afetadas, fluidos corporais ou por meio de gotículas expelidas na tosse e espirros.
O longo período infeccioso de um mês aumenta a probabilidade de o vírus ser transmitido por pacientes infectados.
A cada dia um número maior de países confirma casos da varíola dos macacos (monkeypox, em inglês). Desde o dia 7 de maio, quando o primeiro paciente foi diagnosticado no Reino Unido, já são mais de 100 registros, em 12 países, de três continentes.
A doença é endêmica na África e embora o primeiro caso tenha ocorrido em uma pessoa que retornou de viagem da Nigéria, a maioria não tem associação com a passagem por locais de transmissão da doença. Isso, além de intrigar especialistas, levanta o questionamento sobre o risco da varíola dos macacos chegar ao Brasil.
O médico Salmo Raskin, geneticista e diretor do Laboratório Genetika, em Curitiba, avalia que há sim risco da doença chegar ao país. Em um mundo globalizado, isso é perfeitamente possível, basta lembrar o caso da própria Covid-19 e também da hepatite misteriosa em crianças, doença com diversos casos em investigação pelo Ministério da Saúde.
“Ainda não tem nenhum caso na América Latina, mas não há nada que impeça o vírus de vir para cá. Até porque não estamos entendendo por que isso está acontecendo simultaneamente em vários lugares do mundo. Lembra muito a questão da hepatite de causa desconhecida, que demorou, mas já tem casos suspeitos no país”, disse o médico ao jornal O Globo.