A inflação do Brasil acelerou para 1,62% em março deste ano, e tratou-se da maior alta para o mês desde 1994. Apesar desse desempenho negativo da economia brasileira, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem crescido nas pesquisas eleitorais. Por quê? Para o cientista político Antonio Lavareda, é a rejeição ao petismo e ao ex-presidente Lula (PT) que amplia a chance de reeleição de Bolsonaro.

"(Na eleição de 2018), uma parte importante desses eleitores foi movida pelo sentimento antipetista, anti lulista. Ou seja, pelo descontentamento,  pelos motivos mais variados que vai do descontentamento com as políticas públicas daquele governo até o descontentamento com os valores sociais abraçados por membros, segmentos daqueles governos petistas. O governo Dilma foi importante para aprofundar esse sentimento de hostilidade em relação aos petistas e ao petismo", explicou Lavareda, em entrevista à Rádio Metropole.

Lavareda diz ainda que a desistência do ex-juiz da Lava Jato, Sergio Moro, também fez o presidente da República aumentar a possibilidade de reeleição. "Bolsonaro cresce porque, com a desistência de Sérgio Moro e o desencantamento dos eleitores em relação a outros nomes, eleitores refluiram para o presidente. São eleitores de 2018, sobretudo, que retornaram para ele", analisou. 

Para ele, a premissa sustentada por  James Carville,  estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton na década de 1990, de que a economia influencia a eleição é verdadeira. Prova disto, segundo Lavareda, é que Lula se mantém líder nas sondagens de opinião.

"Lula lidera a eleição basicamente por causa da situação da economia, e Bolsonaro reage porque ele se realimenta da rejeição ao petismo e ao lulismo", disse ele. "Os estudos de ciência política no mundo mostram que o fator que mais afeta o humor dos eleitores no momento da eleição costuma ser a inflação. A inflação é mais importante do que crescimento e emprego, e mais importante do que a taxa de juros", acrescentou.