Um caso de crise de ansiedade entre 26 alunos de uma escola estadual de Pernambuco no último dia 4 de abril ganhou o noticiário nacional e chamou a atenção para o assunto sofrimento psíquico no contexto escolar. Apesar do crescente debate sobre saúde mental e os reflexos da pandemia para crianças e adolescentes, dados concretos ainda são raros. Na Bahia, por exemplo, a Secretaria de Educação do Estado (SEC) afirmou não possuir nenhum levantamento sobre a incidência de casos entre profissionais e estudantes da rede. 

 

Segundo a pasta, não existem dados sobre o acometimento da comunidade estudantil. O que há de atenção ao tema são as ações preventivas, como cursos e oficinas, e programas de apoio a servidores e professores.

 

"As escolas desenvolvem, como parte do currículo, ações pedagógicas de prevenção ao bullyng e de combate a todo tipo de violência, preconceito e discriminação, bem como de fomento à cultura de paz", alegou a SEC quando questionada pelo Bahia Notícias.

 

De acordo com a gestão da Educação na Bahia, as atividades são nas áreas de psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia, assistência social e nutrição, além de haver campanhas mais pontuais voltadas para especificidades, a exemplo do "Setembro Amarelo".

 

Professores e profissionais lotados em escolas da rede podem ainda solicitar atendimento psicológico online através de um e-mail disponibilizado pela secretaria. No caso de demandas relacionadas às outras áreas, afirmou a pasta através de nota, os gestores é que devem solicitar.

 

A atenção direcionada, no entanto, não é suficiente para suprir o volume. Pelo menos é essa um ponto indicado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB-BA).

 

Ao Bahia Notícias, uma das diretoras da instituição sindical, a professora Zenaide Barbosa Ribeiro, apontou que desde o início da pandemia um aumento de casos foi percebido entre as pessoas que frequentam as escolas estaduais.

 

Dada a necessidade, um serviço de acolhimento foi montado pela APLB a fim de atender professores de escolas públicas de toda a Bahia. "A gente começou com três psicólogos. Hoje nós estamos com quatorze psicólogos e não estamos dando conta, porque nós atendemos a toda a Bahia. São professores, profissionais, dirigentes de escolas coordenadores", explicou. "A gente tentou até fazer uma parceria com a Secretaria de Educação, mas foi inviável", indicou a dirigente.

 

De acordo com a diretora da APLB, o crescimento de casos, não só de ansiedade, mas violências diversas e assédio moral, são perceptíveis nas visitas às escolas. "A secretaria não está trabalhando isso", acusou Zenaide, afirmando que a preocupação maior é com relação aos alunos, dessasistidos por esses atendimentos.

 

"A queixa dos professores é que eles estavam sendo preparados para acolher os alunos quando voltassem às salas de aula, não era voltado para a saúde mental deles", acrescentou.

 

À reportagem, a SEC também não soube precisar se há, ou quais são, as equipes disponíveis para o suporte de casos semelhantes nas escolas ou nos Núcleos Regionais de Educação.