Um estudo brasileiro publicado na The Lancet Americas chegou à conclusão de que o sistema de saúde estava despreparado para receber grávidas ou puérperas com sintomas de Covid-19.
O Brasil teve uma das maiores mortalidades maternas em decorrência da doença. Foram, no total, 1.948 óbitos. A maioria deles (1.488) ocorreu em 2021. Do total, 59% das mulheres não tinham fator anterior de risco ou comorbidades.
A pesquisa entrevistou 25 famílias e parentes de grávidas ou puérperas que morreram por Covid-19. E descobriu que algumas grávidas chegaram a percorrer até cinco centros de saúde antes de receberem o tratamento contra a doença. Por isso, chegavam com o quadro agravado, resultando em óbito.
O estudo foi assinado pelas pesquisadoras Debora Diniz, professora da Universidade de Brasília, Luciana Brito e Gabriela Rondon, do Instituto Anis de Bioética.
A pesquisa encontrou três barreiras no sistema de saúde que impediram que a vida dessas mulheres fossem salvas. A primeira foi a demora para iniciar o tratamento, quando elas apresentavam um primeiro sintoma. A segunda, a dificuldade de admissão de grávidas em alguns hospitais . E a terceira, a escolha pelo feto em detrimento da paciente. Dos 25 casos entrevistados, 19 fetos sobreviveram.