A realização do Carnaval de Salvador em 2022 vem trazendo reflexões e debates para os mais diversos grupos envolvidos direta e indiretamente na festa.
Sem uma decisão da Prefeitura de Salvador e do Governo da Bahia, organizações e comitês dão a sua visão sobre o que pode acarretar a realização ou não da festa na capital baiana.
No sábado (27), o Comitê de Assessoramento do Coronavírus UFBA divulgou uma nota com reflexões sobre o Carnaval no contexto atual da pandemia na cidade e no país.
Contrários a realização da folia do momo, o comitê formado por Eduardo Mota, Gloria Teixeira, Tania Bulcão, Paulo Miguez, Thierry Lobão, Roberto Meyer, afirma que não há benefícios suficiente que superem os riscos da festa em 2022.
"O Carnaval poderá fazer retroceder os avanços que vêm sendo alcançados no controle da pandemia da Covid-19. No final de fevereiro de 2022, ainda haverá transmissão comunitária ativa do vírus SARS CoV-2 no Brasil e, em consequência, ocorrência de casos novos de Covid-19", diz um trecho da nota com um dos possíveis cenários.
De acordo com os pesquisadores, mesmo que a cobertura viral esteja alta com as duas doses, isso não significa que a transmissão viral será interrompida. O que justifica a aplicação da dose de reforço.
"O Carnaval é um evento cujas características de intensa movimentação de pessoas e grandes aglomerações, por tempo prolongado, apresentam todas as condições para o recrudescimento da incidência da Covid-19 com as consequências que podem advir. O argumento de que ocorre em espaço aberto, o que não é de todo verdadeiro, não se sustenta diante da magnitude da aglomeração, intenso e frequente contato interpessoal e alto risco de transmissão viral".
O Comitê ainda apresenta como exemplo alguns países da Europa e os Estados Unidos, que enfrentam uma terceira onda ainda mais violentas do que as anteriores. Ambos os locais eram citados como referência na retomada dos eventos.
"Com a ocorrência de uma nova onda da pandemia, caso seja realizado o Carnaval, toda a população será afetada, com aumento da incidência da doença e o retorno de medidas mais restritivas, e não somente aqueles que se beneficiam diretamente, seja economicamente ou festivamente, deste evento. [...] Seria reconfortante estarmos errados nas previsões da pandemia no pós-carnaval, mas não há benefícios suficientes que superem os seus riscos. Temos a convicção de que os gestores públicos agirão com responsabilidade e não permitirão que tenhamos mais casos e mortes pela Covid-19 do que já existem".