O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, voltou a negar que o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) tenha atrasado a divulgação de dados sobre desmatamento na Amazônia para o período posterior à COP26, conferência da ONU sobre mudanças climáticas.
 

"Eu tive o contato exatamente no mesmo dia que vocês tiveram o contato [com os dados]", disse o ministro nesta segunda-feira (22).
 

Ele também afirmou que divulgar as informações antes ou depois da conferência não faria diferença. "Ali não era momento para apontar fragilidades. Seria irrelevante apontar esse número antes ou depois, porque estávamos buscando consenso multilateral", disse.
 

Leite participou de declaração à imprensa sobre os resultados da COP26 ao lado dos ministros Carlos França (Relações Exteriores) e Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
 

O documento do Inpe com os dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite) atesta uma devastação de 13.235 km2 entre agosto de 2020 e julho de 2021, índice mais elevado desde 2006. O número representa um aumento de 22% em relação ao período anterior.
 

Como a Folha mostrou, o Inpe concluiu os dados em 27 de outubro e inseriu o relatório no sistema eletrônico de informações do governo federal no mesmo dia, mas a disponibilização só foi feita na última quinta-feira, 18 de novembro -período posterior à COP26, que ocorreu em Glasgow, na Escócia, entre os dias 31 de outubro e 13 de novembro.
 

O ministro do Meio Ambiente disse ainda que o Inpe pode ter segurado os dados por "cautela" na revisão das informações sobre desmatamento.
 

Durante a COP26, a delegação brasileira foi criticada por ativistas climáticos por não divulgar o Prodes, considerado mais preciso que outro sistema do Inpe, o Deter -cujos dados mais recentes saíram no dia 12, ao final do evento, mas não foram comentados em Glasgow pelo ministro Joaquim Leite.
 

Leite voltou a afirmar que os dados de desmatamento são "inaceitáveis" os dados e que o governo vai atuar de forma "contundente" contra os crimes ambientais na Amazônia. Na semana passada, o ministro anunciou a ampliação da Operação Guardiões do Bioma.
 

"É hora de agir na nossa principal fragilidade, que é o desmatamento ilegal", disse o ministro.