A demora das autoridades em anunciar se o Carnaval de Salvador em 2022 irá ou não acontecer pode gerar uma defasagem ainda maior na festa, que na visão dos pessimistas caminha para o seu segundo ano de hiato.
Em entrevista ao Bahia Notícias, o coordenador do Carnaval em 2022, eleito pelo Conselho Municipal do Carnaval (Comcar), Washington Paganelli, revelou temer a ausência de blocos na folia com o impasse envolvendo a Prefeitura de Salvador e o governo da Bahia.
"Acredito que nós teremos uma redução [de trios]. Com essa demora para anunciar o Carnaval, nós temos artistas da Bahia que já não tem data nenhuma para tocar em Salvador. E grandes artistas que só tem uma data para tocar, porque já vão se apresentar em outras capitais".
Em outubro, o Comcar publicou no Diário Oficial o edital de convocação para o cadastramento obrigatório para a festa de 2022. A folia baiana tem aproximadamente 234 entidades, divididas em categorias de afoxés, afros, alternativos, samba, blocos de trio, especiais, índios, infantis, percussão, sopro e percussão e travestidos.
Ao falar sobre a possibilidade de um Carnaval Indoor, conceito que vem sendo trabalhado por vários empresários, Paganelli acredita que o formato desconfigura a democracia da folia momesca.
"O Carnaval de Salvador é uma festa popular, onde as pessoas brincam livremente. Tem os trios independentes, blocos e camarotes. Quem quer conforto, busca o camarote. Quem quer ficar perto do artista, vai para o bloco, e quem não tem dinheiro, mas quer participar da festa, fica na pipoca".
No documento divulgado pela Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos da Câmara Municipal de Salvador, na quarta (10) foi recomendado para as autoridades baiana a definição da realização da festa até o dia 15 de novembro, além do corte das festas pré-Carnaval (leia aqui).
"Nós concordamos que o Carnaval seja tirado algumas coisas que foram agregadas a festa em um momento oportuno, como Furdunço e Fuzuê, as manifestações antes do Carnaval. Pensamos em 6, 7 dias de Carnaval, muito bem organizado e controlado".
Ao todo foram feitas onze recomendações, entre elas a exigência da vacina para foliões e para quem vai trabalhar na festa, algo que Paganelli vê com bons olhos.
"Isso seria até um avanço na vacinação, porque se você chega e diz que o Carnaval está liberado, mas só vai se estiver com as duas doses, essa população que está atrasada, com certeza correria para os postos de saúde para buscar o 'passaporte'".
O coordenador do Carnaval acredita que, após a divulgação do relatório para realização da folia em Salvador, há grandes chances de que a proposta seja aprovada e a festa aconteça.