A cantora e compositora Marília Mendonça, morta nesta sexta-feira (5) em um acidente aéreo em Minas Gerais (saiba mais aqui), já gravou com cantores baianos e recebeu uma homenagem de Caetano Veloso no último álbum do artista. Apesar de ter sido um nome da música sertaneja, a goiana interagiu com outros gêneros musicais e era admirada por diversos colegas de profissão.
Na faixa “Sem Samba Não Dá”, do seu novo álbum “Meu Coco”, Caetano Veloso fez um trocadilho para homenagear a cantora. “Maravilha Mendonça afinação”, diz um dos versos da canção. Depois, o santamarense volta a citar a sertaneja, lembrando uma gravação da cantora com outro artista baiano: “Mendonça e Leo Santana no Pelourinho com a Didá”, canta.
Em entrevista ao jornal carioca O Globo, Caetano disse que ouve constantemente música sertaneja e que se encantou principalmente pelas mulheres que se destacam no gênero. “Tem muita dupla de rapazes que conheço, mas não me pegaram como as mulheres. Aquele número 'As patroas', com Maiara, Maraisa e Marília Mendonça... Adoro aquilo, é uma maravilha! Bem cantado pra caramba. Sou louco por aquilo, já vi mais de 30 vezes na televisão”, comentou.
Em 2018, Marília Mendonça ganhou elogios de outro nome tropicalista da Bahia. Gal Costa pediu para que a compositora goiana compusesse uma canção para o seu álbum “A Pele do Futuro”. As duas gravaram juntas para o disco a música “Cuidando de Longe”, de autoria da artista sertaneja.
"Marília é uma cantora muito singular, diferenciada de todo o estilo sertanejo. Ela tem uma maneira única de compor e de cantar. Fora o talento. Junto com Marcus Preto [produtor do disco], tivemos a ideia de gravar uma sofrência, mas em ritmo de disco music. Ela mandou a canção e nós gravamos juntas nesse ritmo", comentou Gal para a Folha de S. Paulo na época.
Marília e Gal juntas para a gravação de "Cuidando de Longe" | Foto: Reprodução / Twitter de Gal Costa
A relação de Marília Mendonça com a música da Bahia não para por aí. Já em 2021, ela fez uma participação no álbum de Tayrone, gravado ao vivo em Goiânia. Na oportunidade, o cantor de arrocha dividiu com a “rainha da sofrência” a faixa “Cê tá preparada”, como parte de uma estratégia de introdução do baiano no universo da música sertaneja.
Outro grande sucesso de Marília ao lado de um artista do arrocha baiano é “Hackearam-me”, gravado pela cantora sertaneja junto a Tierry, em 2020, como parte do álbum “Acertou na Mosca” do compositor.
As baianas Simone e Simaria, que nos últimos anos conseguiram seu espaço no universo sertanejo, também já gravaram com Marília. A faixa “O que é o que é?”, de 2020, integrou o álbum “O Churrasco das Coleguinhas”.
A rainha da sofrência esteve ao lado também do grande nome da Axé Music. Em seu DVD “Live Experience”, gravado em 2019 na cidade de São Paulo, Ivete Sangalo e Mendonça cantaram juntas “O Nosso Amor Venceu”, em um exemplo de que Marília não cantava apenas relacionamentos que davam errado. Pelo contrário: ela própria, na relação com seu público, foi prova de que amores podem ser correspondidos.