Líderes do G20 concordaram com uma declaração final neste domingo (31) que pede uma ação "significativa e efetiva" para limitar o aquecimento global a 1,5°C, mas oferece poucos compromissos concretos.
 

O resultado de dias de duras negociações entre diplomatas deixa muito trabalho a ser feito na cúpula mais ampla do clima organizada pela ONU na Escócia, a COP26, para onde a maioria dos líderes do grupo das 20 maiores economias do mundo voará diretamente de Roma.
 

O bloco, que inclui Brasil, China, Índia, Alemanha e Estados Unidos, é responsável por cerca de 80% das emissões globais de gases de efeito estufa.
 

O documento final diz que os planos nacionais atuais sobre como reduzir as emissões terão de ser fortalecidos "se necessário" e não faz nenhuma referência específica a 2050 como uma data para zerar as emissões líquidas de carbono.
 

"Reconhecemos que os impactos das mudanças climáticas a 1,5°C são muito menores do que a 2°C. Manter 1,5°C ao alcance exigirá ações significativas e eficazes e compromisso de todos os países", disse o comunicado.
 

O limite de 1,5°C é o que os especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas) dizem que deve ser atingido para evitar uma aceleração dramática de eventos climáticos extremos, como secas, tempestades e inundações, e para alcançá-lo eles recomendam que as emissões líquidas sejam zeradas até 2050.
 

O projeto inclui uma promessa de suspender o financiamento internacional para a geração de energia a carvão até o final deste ano, mas não estabeleceu uma data para a eliminação desse tipo de energia pelos países, limitando-se a prometer fazê-lo "o mais rápido possível".
 

O G20 também não estabeleceu uma data para a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis fósseis, dizendo que se esforçarão para fazê-lo "no médio prazo".
 

Quanto ao metano, que tem um impacto mais potente, mas menos duradouro do que o dióxido de carbono no aquecimento global, o acordo atenua o texto de um projeto anterior.
 

No acordo, os líderes reconheceram "a importância fundamental" de zerar as emissões líquidas de carbono "até a metade deste século". A Itália, que está hospedando a cúpula, fez pressão para incluir a data de 2050.
 

A China, o maior emissor de carbono do mundo, estabeleceu uma data-alvo posterior, para 2060, e outros grandes poluidores, como Índia e Rússia, não se comprometeram com 2050.
 

Em relação à neutralidade de carbono, o projeto não estabelece uma data precisa, mas garante que ela deverá ser alcançada "até a metade do século".
 

As 20 nações mais desenvolvidas também reafirmaram o compromisso, até agora não cumprido, de mobilizar US$100 bilhões para os custos de adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento.
 

Especialistas da ONU dizem que mesmo que os planos nacionais atuais sejam totalmente implementados, o mundo se encaminha para um aquecimento global de 2,7°C, com uma aceleração catastrófica de eventos como secas, tempestades e inundações.