A prática regular de atividade física possui impacto favorável no tratamento do câncer de mama. De acordo com especialistas, uma a cada 11 mortes pela doença poderia ser evitada com 150 minutos de exercícios por semana. "O condicionamento crônico prévio dá melhor condição de tolerar o tratamento quimioterápico, bem como ajuda no emocional do paciente. A própria estrutura celular é favorecida com a atividade física. Isso já é bem documentado", destaca o coordenador de mastologia do Hospital da Mulher, André Dias.  

 

Além disso, exercícios constantes também podem auxiliar na prevenção da doença. "Quando a gente observa a prática com dieta saudável, evitando bebidas alcóolicas, gorduras saturadas, você tem uma capacidade de reduzir em 33% a chance de câncer de mama", pontua André. 

 

Durante o Outubro Rosa, há um esforço ainda maior para conscientizar as mulheres sobre a importância do diagnóstico precoce e da prevenção ao câncer de mama. Em 2020, anu duramente afetado pela pandemia de Covid-19, o número de mamografias, exame mais importante na detecção da doença, caiu 40% em todo o país. 

 

Os dados são do sistema de registro dos gestores municipais e estaduais de informações de atendimento do SUS, o SIA-SUS, e foram divulgados pelo portal Viva Bem, do Uol. Em 2019, foram 3 milhões de exames de radiografia de mamas. Em 2020, o número teve queda para 1,8 milhão. 

 

A prática de atividades físicas também teve redução. Segundo levantamento do Projeto Convid - Pesquisa de Comportamento, aproximadamente 62% dos brasileiros deixaram de fazer qualquer tipo de exercício durante a pandemia. Os dados são uma parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e foram divulgados pela CNN Brasil. Ao todo, 44.062 brasileiros foram entrevistados. 

 

Para André Dias, ainda não é possível afirmar que a diminuição dos exercícios será fator preponderante para o aumento de casos pós-pandemia, justamente porque a redução no número de mamografias é um fator de influência mais direto.

 

"Quando a gente tenta cruzar esse dado, para ver um desfecho agora, fica muito contaminada essa análise. Nos centros, houve uma redução de 40% das pacientes que procurariam os diagnósticos e preventivos. Quando você joga isso na magnitude do Brasil, são 66 mil novos casos por ano. Como 40% não foram ao mastologista, à realização de mamografia, há uma expectativa que 4 mil casos dos 66 mil não tenham o diagnóstico. Contamina um pouco essa avaliação. Agora, é muito estabelecido que [a atividade física] protege para câncer, já está bem documentado", pondera. 

 

O tipo de exercício mais indicado, de acordo com o mastologista, é o aeróbico. "O que os estudos mostram ter melhor eficiência são as atividades aeróbicas. Claro que você pode fazer um misto de atividades, mas a aeróbica tem esse impacto", diz. 

 

GUARDA ALTA

Seguindo a esteira do Outubro Rosa e ressaltando a importância das atividades físicas em relação ao câncer de mama, a boxeadora Adriana Araújo, primeira medalhista olímpica do Brasil na modalidade - bronze em Londres-2012 - participará, neste sábado, do evento "Guarda Alta Contra o Câncer de Mama" (saiba detalhes aqui). O evento começa às 8h, na Arena Fonte Nova. 

 

"Para mim, é muito importante dar prioridade a esse evento. A gente vê muitas mulheres sofrendo com câncer de mama, e a prática de exercício é muito importante para todas as situações. Principalmente no trabalho corporal e psicológico. As mulheres se fortalecem mentalmente. O boxe traz essa questão da força mental, para mostrar que podemos tudo", afirmou, em entrevista ao Bahia Notícias.

 

A pugilista destaca, ainda, a quantidade de exercícios aeróbicos que o boxe oferece. "O boxe move tudo. Quando a gente está fazendo manopla, trabalho dirigido, faz um trabalho aeróbico. Tem toquinho, o saco, o trabalho de push ball. Tudo isso fortalece tanto a parte superior quanto a parte inferior", comenta. 

 

O convite para Adriana partiu do professor Jailson Santos, ex-pugilista que treinou grandes ícones do MMA, a exemplo de Vitor Belfort, Minotauro e Minotouro. Com a experiência de já ministrar classes para vários alunos, o professor foi bicampeão baiano, brasileiro e do Norte-Nordeste de Boxe. 

 

Até as 12h, três turmas de boxe, divididas por 200 alunos em cada, aprenderão os passos básicos do boxe. O evento aproveita a fama que o esporte ganha a cada dia para dar visibilidade à prevenção contra a doença. Com público formado por alunos das escolas públicas estaduais, professores, educadores e amantes do esporte, as aulas são gratuitas, mas com vagas limitadas.

 

Antes, uma palestra com especialista apresentará os cuidados e a atenção contra o câncer de mama. O evento terá transmissão on-line e contará também com o tour guiado nas dependências do estádio, uma volta pelo centro histórico pelo Salvador Bus e chute ao gol na arena.