Mesmo com a urgência do governo federal em aprovar a reforma do Imposto de Renda (IR), ainda há pontos do projeto que precisam ser avaliados. Relator da proposta no Senado, Angelo Coronel (PSD) destacou itens que merecem atenção e disse que quer entregar o relatório no final de outubro.
"A questão maior aí é tributação de dividendos - parcela dos lucros de uma empresa distribuída aos acionistas - e eu defendo aumentar a alíquota de isenção para quem ganha até R$ 5 mil não pagar imposto. Esses dois pontos aí são os mais cruciais", afirmou o senador baiano em conversa com o Bahia Notícias.
Questionado se há alguma chance de o projeto ficar para o ano que vem, Coronel disse que isso só ocorrerá "se o presidente do Senado [Rodrigo Pacheco] não quiser pautar" ainda em 2021.
"No decorrer do mês de outubro a gente deve ouvir toda a sociedade empresarial brasileira, todas as representações, instituições que abrigam essas empresas e associações de classe, ouvir tributaristas e a partir daí lavrar um relatório e discutir para ser aprovado no Senado. O meu interesse é entregar [o relatório] no final de outubro", afirmou.
O CLIMA EM BRASÍLIA
Nesta segunda-feira (27), Coronel encontrou o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), para discutir a proposta. Lira pediu ao senador que tente preservar o texto da reforma aprovado na Câmara, para evitar que o projeto volte para nova votação dos deputados (veja mais aqui).
O relator sinalizou, no entanto, que alterações serão feitas. Segundo Coronel, o presidente da Câmara já foi informado.
"Evidentemente qualquer presidente quer que o texto aprovado na sua Casa seja o texto. Mas eu expliquei a ele de algumas mudanças que vamos fazer, ele concordou e ficou de apresentar quando estiver mais próximo", afirmou o senador.
O projeto da reforma do Imposto de Renda é uma prioridade para o governo, que precisa da aprovação para viabilizar o orçamento do Auxílio Brasil em 2022. Segundo a equipe econômica, a taxação de dividendos garantirá recursos para o programa, com mais beneficiários e valores maiores que o atual Bolsa Família.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, também se reuniu com o relator nesta segunda (27). Ao lado de Coronel, ele pediu que o presidente do Senado paute a votação da reforma e chegou a dizer que se Pacheco "colocar [o projeto] na gaveta, na verdade está dizendo ao povo brasileiro que não está preocupado com o Bolsa Família".